Pesquisa da UEG descobre nova espécie de falso escorpião

Animais se assemelham aos escorpiões verdadeiros, mas não possuem cauda nem ferrão (Foto: UEG)

O Laboratório de Diversidade, Comportamento e Conservação de Aracnídeos da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em parceria com o Laboratório de Ecologia Comportamental e Interações da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), publicou no último dia 30 de setembro um estudo na revista científica Studies in Neotropical Fauna and Environment, em que descreve uma nova espécie e um novo gênero de falso escorpião do Cerrado, encontrado em Minas Gerais.

O professor Everton Tizo Pedroso, docente do Curso de Ciências Biológicas do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede da Universidade Estadual de Goiás (Cear|UEG), explica que a espécie em questão, representada por uma pequena população, foi encontrada durante um estudo realizado no Triângulo Mineiro, em parceria com o prof. Dr. Kleber Del Claro, do Laboratório de Ecologia Comportamental e Interações da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Falso escorpião

Segundo Pedroso, o processo de descrição da espécie foi longo, pois exigiu a confirmação do nome do gênero. “Os machos dessa espécie possuem uma estrutura modificada na face interna das quelíceras, cuja análise ajudou a confirmar que se tratava de um gênero novo para a ciência”, afirma. A espécie recebeu o nome Alinnaechernes itororoi.

O professor ressalta que, atualmente, são conhecidas cerca de 20 dessas espécies relacionadas ao Cerrado, mas o número real é provavelmente muito maior.

“Os falsos escorpiões constituem um grupo de aracnídeos com mais de 2.400 espécies distribuídas ao redor do mundo. No entanto, são relativamente pouco conhecidos no Brasil, especialmente no Cerrado”.

De acordo com o professor, esses animais se assemelham aos escorpiões verdadeiros, mas não possuem cauda nem ferrão.

“Eles não oferecem riscos às pessoas, pois são pequenos, medindo cerca de cinco milímetros. No Cerrado, são encontrados mais comumente sob as cascas de troncos de árvores. Os pseudoescorpiões alimentam-se de pequenos insetos, contribuindo para o controle natural dessas populações”, completa.

Sobre o estudo

O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Diversidade, Comportamento e Conservação de Aracnídeos, que atualmente mantém uma coleção de pseudoescorpiões de todos os biomas brasileiros, com destaque para espécies do Cerrado.

O laboratório, instalado na Universidade Estadual de Goiás (UEG) em 2016, iniciou suas atividades com projetos de pesquisa apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela UEG, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de estudos relacionados à diversidade de aracnídeos no Cerrado goiano.  

O professor Everton Tizo Pedroso destaca que a descrição da nova espécie reforça a importância desse grupo de aracnídeos em termos de diversidade e ecologia, além de destacar o potencial do Cerrado como mantenedor de uma significativa riqueza desses animais.