Gabinete de Crise das UTIs encerra atividades com 3,7 mil pacientes encaminhados à internação

Última reunião do Gabinete de Crise contou com a participação de representantes da SES-GO, da Prefeitura de Goiânia, do TCM-GO e TCE-GO (Fotos: Marco Monteiro)

Após 40 dias de funcionamento, o Gabinete de Crise das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de Goiânia encerrou as atividades com um total de 3.764 pacientes encaminhados para leitos de UTI e enfermaria na capital.

Os resultados foram apresentados na tarde desta segunda-feira (06/01) pelo secretário de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Rasível Santos, durante reunião na sede da pasta, que contou ainda com a participação do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, e de representantes dos Tribunais de Contas Municipal (TCM-GO) e do Estado (TCE-GO).

O titular da SES-GO destacou o auxílio dado pelo Estado ao município, por meio da identificação dos problemas existentes e suporte para a tomada de decisões, com visão estratégica das ações que deveriam ser adotadas para melhor gestão administrativa.

“A gente somou esforços, criou uma sinergia muito grande com o objetivo de reduzir óbitos e complicações evitáveis. E a gente conseguiu fazer isso, porque nenhum paciente evoluiu para óbito aguardando vaga de terapia intensiva, nenhum paciente ficou mais de 24 horas aguardando vaga e nenhum caso foi judicializado nesse período em que a gente criou o gabinete de crise”, ressaltou.

Para atender a demanda por vagas, a Saúde Estadual disponibilizou 332 internações em leitos de UTI adulto nas unidades próprias e contratualizadas, reduzindo em 79% as pendências por vagas de terapia intensiva na capital, que seguem zeradas nos últimos 12 dias.

  • 20 leitos de UTI adulto no Hospital Ruy Azeredo,
  • 16 leitos de UTI no Hospital das Clínicas (10 adultos e 6 pediátricos),
  • 40 leitos de UTI (20 adultos, 10 pediátricos e 10 neonatais)
  • e 55 de enfermaria no Hospital Estadual de Águas Lindas.
Gabinete de Crise das UTIs encerra atividades com 3,7 mil pacientes de Goiânia encaminhados para internação
Secretário da Saúde, Rasível Santos, sobre o período de gestão do Gabinete de Crise: “Nenhum paciente evoluiu para óbito aguardando vaga de terapia intensiva, nenhum paciente ficou mais de 24 horas aguardando vaga e nenhum caso foi judicializado nesse período” (Fotos: Marco Monteiro)

Rasível Santos lembrou ainda os esforços para a ampliação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da capital. Em novembro, o município possuía em funcionamento apenas 3 Unidades de Suporte Avançado (USAs), 6 de Suporte Básico (USBs) e 3 de transporte sanitário (SATs).

Atualmente, são 4 USAs, 11 USBs e 11 ambulâncias de SATs. Foi ainda realizado chamamento parcial para a contratação de novos profissionais de saúde para atender a demanda do Samu e das Unidades de Pronto Atendimento da cidade, além de compras emergenciais de medicamentos e insumos.

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, agradeceu a parceria e reforçou a importância de continuidade do trabalho nos próximos anos.

“Além do mais importante, que foi preservar vidas, o que ficou foi esse aprendizado que tivemos, de toda equipe trabalhar em conjunto […] Hoje nós temos leitos tranquilos, ninguém dorme mais nas UPAs. […] Conseguimos uma estabilização, mas não podemos parar, é por isso que vamos continuar juntos, de mãos dadas em diversos aspectos”, pontuou o gestor.

Mabel lembrou ainda que o Gabinete de Crise agora passa a ser um Centro de Operações de Emergência (COE) do município, que gerenciará a situação diária das unidades de saúde municipais.

O procurador-geral do Ministério Público de Contas do TCM-GO, Henrique Pandim elogiou o trabalho desempenhado, que foi capaz de superar a crise enfrentada pelo sistema de saúde de Goiânia.

“A gente vê esse resultado e vê como a união de pessoas com boa vontade consegue resolver os problemas, mesmo tão graves como esses da capital”, afirmou.

A presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems-GO), Patrícia Fleury, disse que os números reforçam as esperanças para que Goiânia retome o posto de protagonista do Estado, para atender uma demanda expressiva, não só da capital, mas também do interior.

Samu macrorregional

Com o fim do Gabinete de Crise, Estado e municípios agora atuam em conjunto para a implementação do Samu macrorregional. A ideia, conforme o secretário de Estado da Saúde, é iniciar o trabalho a partir da união de esforços dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência da Região Metropolitana da capital, para reduzir o tempo resposta para as demandas de urgência e emergência.

“Isso até a gente ter tempo de fazer um desenho de toda a macrorregião, para que possamos atender a todos os municípios das macrorregiões Centro-Oeste e Centro-Sudeste”.

O objetivo é seguir os mesmos moldes do primeiro consórcio intermunicipal macrorregionalizado para gerenciamento do Samu na macrorregião Centro-Norte de Goiás, que já está em fase de implementação. O consórcio conta com a participação de 60 municípios e terá central de regulação de leitos, complexo regulador de urgência e núcleo de educação permanente em urgência únicos para a macrorregião.

Na prática, significa que haverá um comitê macrorregional, que irá fazer o monitoramento de toda a rede de urgência emergência e dentro disso, o gerenciamento conjunto do Samu, garantindo a melhoria do serviço para a população.

“Os Samus municipais não são capazes de darem uma resposta para a região. Muitas vezes se sobrecarrega os municípios polo e não tem a coparticipação dos outros municípios. Então da forma que a gente está fazendo, que é criando um Samu macrorregional, com o gerenciamento feito através de um consórcio intermunicipal de saúde, existe a cooperação de cada um dos municípios, por meio de valor per capita, porque assim a gente consegue fazer justiça a esse processo”, explicou Rasível Santos.

Saiba mais

Gabinete de Crise zera fila por leitos de UTI na capital

Gabinete de Crise da Saúde encaminha mais de 1,3 mil pacientes para leitos

Gabinete de Crise das UTIs de Goiânia encaminha 1.082 pacientes em 18 dias