Pesquisa financiada pela Fapeg identifica variante delta em Goiânia
Mutação foi detectada em amostra de paciente de 18 anos. Sequenciamento de genomas é ferramenta importante no monitoramento da evolução do vírus e sua dispersão na pandemia. Estudo responsável pela descoberta foi selecionado em chamamento público realizado pelo Governo de Goiás. Governador Ronaldo Caiado destaca importância do trabalho científico para superar crise sanitária. “A ciência está acima de tudo e salvou milhões e milhões de pessoas”, afirma
A variante delta do coronavírus (linhagem B.1.617.2), identificada pela primeira vez na Índia, foi encontrada em Goiânia. A mutação foi detectada em amostra de uma paciente de 18 anos. O fato foi comunicado, nesta sexta-feira (18/06), à Secretaria Municipal de Saúde da capital para que sejam realizadas as ações de vigilância e tomadas as providências para o rastreio de contato.
O sequenciamento genético foi realizado pela equipe da bióloga Mariana Pires de Campos Telles, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG), que coordena uma pesquisa sobre o “Mapeamento das variações genéticas do Coronavírus (Sars-Cov-2) em Goiás”.
O estudo foi um dos selecionados em um chamamento público feito pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), com o objetivo de identificar projetos e inovação em todas as áreas do conhecimento produzidas no Estado, que pudessem contribuir para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19. O governador Ronaldo Caiado lembrou a importância do trabalho científico para superar a crise sanitária. “Eu falo como médico, a ciência está acima de tudo, é essa ciência que salvou milhões e milhões de pessoas”, enfatizou.
A iniciativa buscou direcionar os esforços e os recursos para a viabilização de ações estratégicas. Além disso, conta também com o apoio financeiro, de recursos humanos e logístico do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT EECBio).
O sequenciamento genômico foi realizado em 62 amostras coletadas em Goiânia, em diferentes datas. Neste conjunto de amostras, também foi identificada a variante gamma, conhecida como P1, já encontrada em sequenciamentos anteriores.
A pesquisadora Mariana Telles explica que o sequenciamento é uma ferramenta importante no monitoramento da evolução do genoma do vírus e da sua dispersão em uma epidemia. “Essas informações são importantes para traçar a velocidade com que o vírus tem acumulado mutações ao longo do tempo e se modificado, a velocidade com que tem se espalhado, além de outras informações relevantes para as tomadas de decisão do poder público”, explica. Ela ressalta a necessidade de manter as medidas de segurança e a urgência em vacinar o maior número possível de pessoas.
A variante
A variante delta é mais infecciosa do que as outras mutações do coronavírus difundidas anteriormente. Testes de laboratório sugerem que ela se multiplique mais no organismo, e estima-se que o risco de infectar membros da própria família seja 60% maior, de acordo com uma análise divulgada pela autoridade sanitária britânica Public Health England (PHE). O que aumenta o risco para pessoas imunizadas apenas com a primeira dose da vacina.
A professora pesquisadora Dra. Mariana Pires de Campos Telles é bióloga, coordenadora do projeto de pesquisa, mestre em genética e melhoramento de plantas e doutora em ciências ambientais. Ministra diversas disciplinas na graduação e pós-graduação, entre elas, genética molecular, biotecnologia e algumas disciplinas instrumentais e técnicas, como sequenciamento de DNA e RNA, na UFG e na PUC Goiás.