Fábrica clandestina em Anápolis mantinha carne de cavalo

Após análise laboratorial de amostras coletadas em fábrica clandestina de produtos cárneos, fechada em operação no município de Anápolis, a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) confirmou que o material armazenado no local era de origem equina.
A comprovação veio através de laudo, emitido pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA), unidade do Ministério da Agricultura e Pecuária, (Mapa).
Para chegar ao resultado, foram coletadas cinco amostras, com pedaços de carcaça e músculos fatiados, em diferentes locais onde os produtos estavam armazenados na fábrica clandestina. Todo o material foi encaminhado para análise e houve a constatação de que todas as carnes apresentavam DNA 100% equino e nenhum de traços de DNA bovino.
O laudo já foi encaminhado para a Polícia Civil, que está conduzindo o inquérito sobre o caso.
Para relembrar
As carnes foram encontradas durante operação realizada no dia 11 de março, realizada pela Agrodefesa, em parceria com as polícias Civil e Militar. A ação resultou na localização e interdição de uma fábrica clandestina de produtos cárneos na Vila União, em Anápolis.
No local, que apresentava condições sanitárias precárias, foram encontrados 790 quilos de carne irregular.
Durante a ação, os fiscais estaduais agropecuários da Unidade Regional Rio das Antas da Agrodefesa constataram um cenário alarmante de insalubridade. Havia indícios de que a carne era moída e utilizada na fabricação de hambúrgueres para disfarçar o sabor característico.
“O que encontramos no local foi um ambiente insalubre, com sangue no chão, equipamentos contaminados e freezers sujos e quebrados. Independentemente da origem da carne, o processamento sem fiscalização compromete a segurança do alimento à população”, destaca Marcelo Sales Guimarães, coordenador da Unidade Regional Rio das Antas da Agrodefesa.
Todos os produtos foram apreendidos e descartados no aterro sanitário do município. Embora o consumo de carne equina não seja proibido no Brasil, o processamento sem fiscalização e em condições sanitárias inadequadas representa um grave risco à saúde pública.
O diretor de Defesa Agropecuária da Agrodefesa, Rafael Vieira, enfatiza que qualquer abate clandestino que for identificado, precisa ser denunciado para a Agrodefesa.
“Não pode ocorrer o comércio de produtos de origem animal sem inspeção no Brasil, oriundos de abate clandestino. Só pode ocorrer a venda e o consumo de alimentos que tenham passado por algum serviço de inspeção. Reforçamos a importância dos consumidores adquirirem produtos de origem animal apenas em estabelecimentos registrados e fiscalizados, garantindo a qualidade e alimento seguro”, enfatiza.
Investigações e abatedouro clandestino
A Polícia Civil segue com as investigações para responsabilizar os envolvidos na distribuição da carne e identificar a extensão da rede de fornecimento, bem como apurar possíveis crimes ambientais relacionados à atividade ilegal.
A operação do dia 11 de março foi um desdobramento de outra operação, realizada no dia 9 de março, que resultou no fechamento de um abatedouro clandestino de cavalos na região sul de Anápolis.
No local, foram encontrados cerca de 40 animais em condições degradantes dentro de uma área de preservação ambiental, sem acesso a água e alimento, muitos deles desnutridos e feridos.
Além disso, havia evidências do abate irregular, como sangue, vísceras, couro e ossadas espalhadas pelo terreno. A primeira ação conjunta também foi desencadeada após denúncias de moradores sobre forte mau cheiro e a presença de grande quantidade de urubus no local, indicativos da atividade ilegal.
Destino dos animais
Os animais resgatados foram encaminhados para uma chácara da prefeitura de Anápolis e, em seguida, para uma ONG.
Antes de serem integrados a outros animais e colocados para adoção, fiscais da Agrodefesa coletaram amostras de sangue para verificar a situação sanitária dos mesmos e se estão livres de doenças de notificação obrigatória, como Anemia Infecciosa Equina (AIE) e Mormo.
Quatro dos cavalos testaram positivo para a AIE e foram sacrificados, como determina a legislação. “Todos os animais precisam passar pelo processo de testagem, porque só podem transitar se houver a comprovação de que nenhum deles está positivo para a AIE”, ressalta o diretor da Agrodefesa, Rafael Vieira.
Ele complementa que a Agência, que é responsável pela defesa agropecuária no estado de Goiás, esteve presente em diferentes etapas nas operações realizadas em Anápolis.
“Nossos fiscais estaduais agropecuários participaram da fiscalização nos locais considerados abatedouro e fábrica clandestinos, da coleta de material no local onde havia a manipulação dos produtos cárneos, além da verificação da questão sanitária dos animais para certificação de doenças consideradas de notificação obrigatória”, informa.
Saiba mais
Comunicação Setorial da Agrodefesa