Projeto Saúde e Natureza vai medir impactos do meio ambiente na saúde da população

Lançamento oficial do projeto Saúde e Natureza contou com equipes da SES, da Semad e diversas autoridades (Foto: Semad)

As secretarias de Estado da Saúde (SES) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) lançam o projeto Saúde e Natureza. A iniciativa consiste em medir, por intermédio de uma pesquisa científica, os impactos que o contato com o meio ambiente pode ter na saúde da população, reduzindo transtornos e doenças, como ansiedade, depressão, diabetes e pressão alta. O projeto também conta com parceria do Consórcio Acadêmico Brasileiro de Medicina Integrativa (Cabsin).

“Essa pesquisa virá para comprovar a efetividade da prática integrativa Banho de Natureza, que é uma terapia que já existe no Japão e alguns outros países, extremamente efetiva, porque mostra que o contato das pessoas com a natureza realmente acalma, desacelera, tranquiliza”, explica a diretora-geral do Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic), Tânia Vaz.

“Mas o que acontece? Nós precisamos comprovar isso e nada melhor do que realizar esse projeto de pesquisa para que seja então comprovada, mais uma vez, que estar em meio à natureza melhora várias condições de saúde”, completa.

A secretária de Meio Ambiente, Andrea Vulcanis, detalhou o papel dos parques e unidades de conservação estaduais para a realização do projeto.

“Nos nossos parques estaduais, vamos manter uma pesquisa científica em parceria também com as secretarias municipais de saúde, onde as pessoas que se sentem doentes vão ser levadas às unidades de conservação para uma atividade periódica. E, ao final, vamos saber se, de fato, elas melhoraram a sua saúde”. Ao todo, a pesquisa deve durar aproximadamente dois anos.

Projeto Saúde e Natureza

De acordo com o médico integrativo, consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e diretor do Cabsin, Ricardo Guelman, o projeto teve início há aproximadamente 2 anos, após uma provocação feita pela titular da Semad, para a busca de uma solução que pudesse auxiliar em questões como a saúde mental da população goiana.

“A partir de uma experiência, que foi premiada em Santa Catarina, de levar mulheres em sofrimento mental para plantarem mudas na beira de um rio, elas conseguiram regenerar o rio e regenerarem elas mesmas, ao se desmedicalizarem”, disse.

“Isso foi revolucionário, teve premiação na Fiocruz e eu comentei na época com a secretária, que pediu então para pensar num projeto que gerasse sensibilização para as autoridades de Goiás e, ao mesmo tempo, que pudesse ser escalável em vários municípios”, explicou Ricardo Guelman.

Ainda conforme o diretor do Cabsin, a pesquisa científica será levada inicialmente a cinco municípios goianos.

“Estamos apresentando a etapa 1, que são os resultados para sensibilizar os gestores. A gente vai capacitar agentes de saúde com agentes ambientais para multiplicar em cinco municípios nos próximos 12 meses essa experiência e a gente vai medir, de uma maneira científica, o que vai mudar com a saúde deles”, completou. A etapa 2 consistirá na capacitação dos profissionais envolvidos e a terceira, na execução efetiva do projeto junto à população.

Saúde mental

A diretora-geral do Cremic, Tânia Vaz, destacou que os problemas de saúde mental são hoje identificados não apenas em Goiás, mas no país e em todo o mundo.

“Chega ao ponto de um secretário municipal dizer que dos 5 mil habitantes que ele tem, 2.500 pessoas referem problemas de saúde mental e o município não está preparado para cuidar dessas pessoas com a medicina convencional. Precisamos inserir as práticas integrativas nesse contexto, já que elas têm uma efetividade muito grande nas questões de saúde mental”, ressaltou.

A SES tem atuado para ampliar as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no estado. Em Goiás, são realizadas 16 PICS no Cremic, unidade de referência, além de quatro policlínicas. Entre elas aromaterapia, acupuntura, reiki e meditação.

“Hoje, no Brasil, já existem muitas práticas que ainda não são contempladas na política nacional. O Ministério da Saúde está fazendo um trabalho nesse sentido para inserir novas práticas na política e eu acredito que essa prática, Banho de Natureza, será uma das contempladas pelo órgão federal”, finaliza.