Carne Tóxica: Polícia investiga venda ilegal de agrotóxicos para alimentação bovina
A Polícia Civil de Goiás investiga um esquema criminoso responsável pela venda ilegal de agrotóxicos para a alimentação de bovinos no Estado. Durante a Operação Carne Tóxica, deflagrada nesta terça-feira (06), quatro empresas de Goiânia e uma de Jaraguá foram inspecionadas. A ação encerra a primeira etapa de investigação, que ocorre desde 2018 na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon).
Segundo o delegado Webert Leonardo Lopes, os produtos, que deveriam ser utilizados em lavouras, estavam sendo misturados na ração dos animais com o objetivo de combater pragas comuns na agropecuária. “Eles visavam a combater a doença conhecida como ‘Mosca do Chifre’ e também o carrapato, em razão do menor valor que esses produtores pagam por esses produtos, em torno de 20% daquele produto cientificamente indicado para o controle dessas pragas no gado”, informou.
Ainda de acordo com o delegado, a prática é prejudicial à saúde do gado e dos seres humanos, já que os defensivos agrícolas usados possuem substâncias tóxicas, inclusive cancerígenas. “O consumidor goiano, que está no final da cadeia, está consumindo agrotóxico e colocando em risco sua vida. Está comprando um produto sem saber que está contaminado, o que pode provocar diversos malefícios à coletividade”, explicou.
Entre os alvos da ação estão empresários, engenheiros agrônomos, médicos veterinários e produtores rurais. “Esses profissionais agrônomos e veterinários, que deveriam estar prescrevendo o produto específico, acabaram vendendo um produto extremamente nocivo”, destacou. As equipes descobriram ainda que os agrotóxicos eram vendidos sem a exigência de inscrição do produtor rural, com a emissão de notas fiscais em nome de terceiros.
Ao final da investigação, os suspeitos podem responder por crime contra as relações de consumo e associação criminosa, além da interdição das empresas, multa e suspensão e/ou exclusão da habilitação para desempenho das profissões. A operação contou com o apoio da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMVGO), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREAGO) e da Delegacia de Polícia Civil de Jaraguá.