Polícia desarticula grupo envolvido em fraudes no pagamento de benefícios do Césio 137

Investigações apontam que o grupo falsificava laudos e relatórios médicos para obter isenção de imposto de renda em nome de militares da reserva (Foto: Polícia Civil)

A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), deflagrou, nesta quinta-feira (30/10), a segunda fase da Operação Césio 171. A ação teve como alvo um esquema de fraudes em ações judiciais ligadas ao acidente com o Césio 137, que causaram prejuízo efetivo de R$ 1,7 milhão aos cofres públicos.

A operação contou com apoio do Grupo de Repressão a Roubos (Garra) e da Gerência de Ações Estratégicas da Secretaria Estadual da Saúde. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e cinco de prisão temporária na Região Metropolitana de Goiânia contra advogados, um médico e um engenheiro.

Grupo fraudava documentos para isenção fiscal

As investigações apontam que o grupo falsificava laudos e relatórios médicos para obter isenção de imposto de renda em nome de militares da reserva. As ações eram protocoladas com base em supostas exposições ao Césio 137, no maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear, ocorrido em Goiânia, na década de 1980.

O grupo era dividido em quatro núcleos: captação, falsificação, advogados laranjas e núcleo jurídico. Um militar da reserva e uma advogada atuavam na captação de beneficiários e coleta de documentos, posteriormente adulterados por advogados, médico e engenheiro.

Com os laudos já falsificados, advogados do núcleo jurídico utilizavam logins de profissionais do núcleo laranja para entrar com ações na Justiça, buscando a isenção indevida de tributos.

Manobra burlava sistema judicial

Além da falsificação de documentos, a Polícia Civil identificou a adulteração de comprovantes de residência para manipular a escolha da comarca onde os processos seriam protocolados. A prática burla o sistema de livre distribuição processual e fere o princípio do juiz natural.

Esta fase da operação mira especificamente os núcleos jurídico e de falsificação. A primeira etapa da investigação, batizada de Fraude Radioativa e realizada em 2024, já havia desarticulado os núcleos jurídico e de laranjas, evitando prejuízos ainda maiores ao erário.

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Polícia desarticula quadrilha que fraudava o pagamento de benefícios do Césio 137

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