Lacen realiza sequenciamento genômico inédito de vírus da Febre Amarela

biomédica do Lacen-GO realiza preparação de amostras para sequenciamento genômico do vírus da Febre Amarela (Foto: Mariana Martins)

O Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) concluiu com sucesso o primeiro sequenciamento genômico do vírus da febre amarela realizado em suas dependências.

O feito representa um avanço significativo na capacidade técnico-científica do laboratório e reforça o papel do Lacen como parte integrante da Rede Nacional de Sequenciamento Genômico do Ministério da Saúde (RNSG-MS).

O sequenciamento genômico é uma tecnologia que determina o código genético de organismos, incluindo vírus e bactérias, permitindo identificar mutações e linhagens que circulam em uma determinada região.

Essas informações são essenciais para compreender o comportamento dos agentes infecciosos, aprimorar o diagnóstico e orientar medidas de prevenção e controle.

A relevância desse tipo de monitoramento ficou evidente durante a pandemia de Covid-19, quando laboratórios públicos de todo o país — incluindo o Lacen-GO — atuaram no acompanhamento das variantes do SARS-CoV-2.

O sequenciamento genômico foi determinante para subsidiar ações de vigilância, estratégias de vacinação e o entendimento da dinâmica de transmissão do vírus no território.

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Lacen-GO

Atualmente, o Lacen-GO realiza o sequenciamento genômico dos vírus SARS-CoV-2, Dengue, Zika e Chikungunyaalém de bactérias multirresistentes — microrganismos que apresentam resistência a múltiplos antibióticos e representam um desafio crescente para a saúde pública.

A equipe responsável pelo trabalho, composta pelas biomédicas Ana Flávia Mendonça e Camila Fraga, da Seção de Biologia Molecular, destacou que o procedimento foi concluído com êxito e que os resultados obtidos são fundamentais para compreender a circulação viral da febre amarela em Goiás.

O sequenciamento revelou que os vírus da febre amarela, oriundos das amostras de primatas não humanos (PNHs) e de vetores (mosquitos), atualmente circulantes no estado de Goiás, são os mesmos identificados em 2017, indicando persistência viral.

O monitoramento genômico da febre amarela é essencial para detectar possíveis mutações que possam alterar o comportamento do vírus, afetando sua capacidade de transmissão ou virulência.

Além disso, o acompanhamento genético apoia a investigação de epizootias em primatas não humanos, que funcionam como sentinelas para a circulação do vírus, e orienta as ações de vacinação e vigilância epidemiológica no estado, fortalecendo a capacidade de resposta frente a possíveis reintroduções da doença.

Integração com outros laboratórios

Para realizar o sequenciamento, o Lacen-GO contou com o apoio do Laboratório de Hematologia, Genética e Biologia Computacional (LHGB) do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM/Fiocruz), em Salvador (BA), que forneceu oligonucleotídeos, insumos essenciais para o preparo da biblioteca genômica.

O trabalho também teve suporte da Seção de Sequenciamento Genômico da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte (MG), que compartilhou o protocolo utilizado na construção da árvore filogenética, que é uma representação gráfica que ilustra as relações evolutivas entre diferentes amostras do vírus da Febre Amarela.

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