Relatório reúne principais ações de Goiás na COP30

Uma das principais missões da delegação foi a defesa do Cerrado (Foto: Semad)

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) produziu um relatório da atuação da delegação estadual na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro último, em Belém.

O documento destaca o papel de Goiás na conferência, com ênfase no reconhecimento científico do balanço florestal carbono positivo, a defesa do Cerrado como bioma estratégico para o clima global e o avanço no REDD+, modelo que remunera o estado por resultados na redução do desmatamento, além de outras ações apresentadas pelo estado na conferência.

COP30

Goiás marcou presença ativa nos debates multilaterais, painéis e reuniões técnicas, reforçando seu papel como liderança subnacional na agenda climática. Estiveram presentes a secretária Andréa Vulcanis, subsecretários, superintendentes, analistas técnicos e representantes do governo estadual, que atuaram de 8 a 18 de novembro em diferentes espaços da Zona Azul, Zona Verde, Agrizone e na Casa da Biodiversidade e Clima da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema).

Uma das principais missões da delegação foi a defesa do Cerrado. Isso porque, das 12 grandes regiões hidrográficas brasileiras, oito são irrigadas pelo Cerrado. A bacia do Rio São Francisco, por exemplo, deve 94% da vazão em sua foz ao bioma.

Além disso, o Cerrado é considerado a savana mais rica do mundo, com 6 mil espécies de plantas nativas e uma notável diversidade de espécies animais endêmicas. Mesmo assim, ele segue praticamente ausente do financiamento climático internacional, que prioriza florestas tropicais.

Na COP30, Goiás levou evidências científicas para reverter essa lacuna. O estado apresentou dados do estudo técnico elaborado pelo Earth Innovation Institute (EII), que mostram que o Cerrado goiano, desde 2006, tem removido mais gás carbônico (CO₂) da atmosfera do que emitido, alcançando o status de “carbono positivo”.

O avanço ocorre no contexto das mudanças de uso da terra, ou seja, das transformações que acontecem na cobertura do solo. Na prática, o estado vem recuperando mais áreas verdes do que perdendo, o que faz com que a vegetação absorva mais carbono do que libera.

Destaca-se também a exposição das políticas públicas goianas na conferência. Entre elas, o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) – Cerrado em Pé, exemplo de incentivo econômico capaz de conservar e restaurar áreas estratégicas.

O programa já beneficiou mais de 400 produtores rurais, pagando pela proteção de vegetação nativa e a recuperação de nascentes, além de incluir um edital específico para povos indígenas e comunidades tradicionais, tema que despertou interesse de potenciais financiadores internacionais durante a COP.

Também estiveram em evidência as iniciativas de economia verde e circular, demonstradas em painéis que abordaram desde a expansão da logística reversa até a criação de cadeias produtivas sustentáveis, inovação tecnológica e fortalecimento do mercado de resíduos no estado.

As ações foram apresentadas como parte do esforço de reduzir impactos ambientais e gerar novos modelos econômicos alinhados ao desenvolvimento limpo.

A Estratégia Goiás Carbono Neutro 2050 foi outro ponto central. O plano, que funciona como um guarda-chuva das principais políticas climáticas estaduais, reúne o Pacto pelo Desmatamento Ilegal Zero, PSA, medidas de adaptação e expansão da agropecuária de baixo carbono.

Na COP30, a delegação detalhou como a estratégia orienta o planejamento de longo prazo, articulando ciência, políticas públicas e desenvolvimento competitivo, e como ela prepara o estado para alcançar emissões zero de carbono até 2050.

No tema de resíduos, Goiás levou à conferência os resultados da regionalização da gestão de resíduos sólidos, modelo que organiza municípios em blocos para compartilhar aterros sanitários, reduzir custos e extinguir lixões.

O relatório destaca que o estado já conta com mais de 125 municípios destinando corretamente seus resíduos, dezenas de licenças de encerramento emitidas e um avanço significativo na reciclagem por meio de cooperativas, números apresentados nos painéis sobre políticas inovadoras de resíduos na Zona Verde.

Por fim, o estado apresentou os primeiros resultados do Atlas dos Remanescentes de Vegetação de Goiás, estudo inédito que empregou tecnologias avançadas para mapear formações nativas do Cerrado com precisão sem precedentes.

O produto inicial identificou mais de 12 mil km² de vegetação nativa, número que é 42% maior do que o apontado por bases anteriores como o MapBiomas. O Atlas foi destacado na COP como ferramenta estratégica para conservação, planejamento territorial e valoração de serviços ecossistêmicos, reforçando o papel da ciência na formulação de políticas ambientais do estado.

RELATÓRIO – AÇÕES DA DELEGAÇÃO GOIANA NA COP30