Emater estreia programa sobre associativismo e cooperativismo para mulheres rurais
A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) agora conta com um novo programa em sua grade de canais de comunicação para o produtor rural. O Emater Ao Vivo, plataforma de lives exibidas na página da Emater no YouTube, teve estreia nesta quarta-feira (1º), com uma palestra sobre associativismo e cooperativismo para mulheres rurais.
Mediada pela tecnóloga em Gestão Ambiental, Isabela Lima, a palestra foi apresentada pela extensionista Divina Lúcia Rezende. Esse foi o primeiro de uma série de encontros virtuais que acontecerão sempre às quartas-feiras, às 14h, abordando diversos temas de interesse da agricultura familiar e demais envolvidos no segmento agropecuário.
Uma das principais dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar é a questão da renda, conforme explicou a palestrante durante a abertura da conferência. “O que é adquirido na propriedade geralmente não é suficiente para garantir uma vida digna a todos os membros da família”, explicou. Isso impacta negativamente nos processos de sucessão familiar, já que os jovens abandonam o meio rural para buscar melhores oportunidades nos centros urbanos.
Para superar as adversidades produtivas e, consequentemente, financeiras, os produtores rurais dispõem de ferramentas importantes, como o associativismo e cooperativismo, formatos de organização que viabilizam o aumento da expressão econômica e social daquele grupo. Segundo Divina, tanto as associações como as cooperações buscam beneficiar todos os membros de maneira igualitária.
Desigualdade de gênero
Além dos contratempos monetários, o segmento rural familiar, como um reflexo estrutural da sociedade a qual está inserido, passa por questões de gênero que atestam a invisibilização da mulher na agricultura familiar. Foi esse o ponto de partida da extensionista para debater sobre as desigualdades relativas à participação das mulheres nas organizações rurais, ainda bastante secundarizada.
A escassez da participação feminina é uma característica endêmica das atividades econômicas, sejam elas no campo ou não. Como elencou a conferencista, existe uma falta de incentivo à inserção da mulher no mercado financeiro, embora elas representem a maioria da mão de obra; ainda ocorre disparidade nos salários; as mulheres continuam sofrendo tratamentos preconceituosos dentro das instituições; e enfrentam dupla jornada de trabalho, ao dedicarem-se ao trabalho externo e aos afazeres domésticos.
No campo, o problema ganha novos contornos, mas persiste. É comum que os homens estejam à frente dos negócios rurais, desvalorizando o envolvimento feminino. O trabalho da mulher em casa é visto como ajuda enquanto a atividade considerada principal é aquela exercida pelo representante masculino da família.
No decorrer do webnário, os participantes pontuaram que existem muitos casos em que agroindústrias chefiadas por mulheres são pensadas, inicialmente, como ocupações menos importantes e fontes de renda suplementares. Quando as empresas atingem determinado grau de sucesso, os patriarcas tomam o comando das companhias e retiram o protagonismo das mulheres no empreendimento.
Para desconstruir conjunturas tão intrincadas em nosso corpo social, é necessário ações de conscientização, que envolvam todos os integrantes da unidade familiar, homens e mulheres, jovens e crianças, apontou Divina. É preciso, segundo ela, realizar atividades motivacionais que elevem a autoestima das mulheres rurais e estimulem novas configurações de associação e cooperação entre a classe.
Confira o programa na íntegra: