Mulheres no agro: força, capacidade e espírito empreendedor
Elas querem uma vida melhor para si mesmas e para suas famílias. O Governo de Goiás oferece ferramentas e oportunidades. Por meio do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e de outros parceiros, o Estado desenvolve ações que valorizam a capacidade e a força das mulheres. Exemplos disso são o Goiás Social e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em que a participação feminina chega a 80% e 58%, respectivamente, e também no Programa de Cerveja de Mandioca, com histórias de transformação pelo empreendedorismo.
A presidente de honra da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e coordenadora do GPS, primeira-dama Gracinha Caiado, destaca o papel fundamental da mulher goiana na economia do Estado e avalia a participação feminina em programas sociais do Governo de Goiás que garantem a inclusão social por meio da profissionalização e empreendedorismo, como é o caso do Crédito Social. “Todos que passam pelos cursos de capacitação oferecidos pelo Governo Estadual, por meio da Seapa e da Secretaria da Retomada, podem ter acesso ao recurso que chega a ser de até R$ 5 mil para começar seu próprio negócio. Contando desde a criação do programa, 80% dos beneficiários são mulheres”, lembra. “O trabalho de proteção, valorização e empoderamento da mulher é extenso e sabemos que ainda existe muito a ser feito, mas acreditamos que essa questão deve ser tratada de maneira integrada e multidisciplinar, pois apenas dessa forma estaremos no caminho correto”, acrescenta a primeira-dama.
Para o secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Mendonça, a força da mulher sempre se fez presente no campo e esta participação só tende a crescer, inclusive em posições de liderança. “É impressionante a vontade de empreender, crescer e melhorar de vida que elas demonstram nos cursos e nas outras atividades relacionadas aos programas. Elas são responsáveis, cuidadosas com a qualidade dos produtos e serviços e têm pressa, querem ver as coisas acontecerem rapidamente”, descreve. “O avanço do agro em todos os níveis, da agricultura familiar ao agronegócio exportador, vai passar cada vez mais pela participação e pela liderança femininas”, sublinha.
Mais mulheres
Lançado em 2021, o Goiás Social leva benefícios para famílias em situação de vulnerabilidade no Estado. A iniciativa é coordenada pelo GPS e engloba ações em áreas variadas, da educação ao saneamento. Na agropecuária, a parceria com a Seapa, a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), a Agência de Fomento de Goiás (GoiásFomento) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) proporciona capacitação e crédito para instalação de pequenos negócios. Dos 968 beneficiários dos cursos já realizados de avicultura, piscicultura e olericultura, 775 são mulheres.
Uma delas é Vânia Santos de Morais Silva, 39 anos, de Americano do Brasil. Vânia mora com o marido, atualmente desempregado, e uma das filhas, de sete anos. Cuida também de uma neta, de seis. Ela fez os cursos de beleza e avicultura oferecidos no município pelo Goiás Social e já atendeu os primeiros clientes. “Fez muita diferença na minha vida. Os instrutores foram maravilhosos e, além de fazer os cursos, a gente ganhou o material básico para trabalhar. Fizemos o galinheiro, compramos as aves. Não tínhamos a mínima condição de comprar estas coisas para entrar no mercado. Foi abençoado”, lembra.
À frente
Em Flores de Goiás, a agricultora Eliane Ferreira Alves de Jesus, de 45 anos, diverte-se ao contar que o marido é quem “pega no pesado” para manter a horta em dia e participar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “A força é com ele, porque não eu não dou conta de tudo também não”, diz, entre risos. “Ele diz que sou esperta, mas quem toma a frente, conversa, calcula, reclama, apela é a mulher”. Eliane ficou sabendo do edital do PAA por meio da Emater e ‘correu atrás’ da documentação para participar do programa. Ela também colocou a mão na terra. Participou do plantio, da colheita, preparou adubos e defensivos naturais.
Junto com o marido e com uma amiga, conseguiu fornecer limão, jiló, cebolinha, coentro e mandioca ao programa. Conforme o regulamento do PAA, realizado em 2021 com recursos federais, ela foi remunerada pelas entregas e os alimentos foram repassados a famílias carentes. “Quando a gente começa sem nada, dá um desânimo. Mas depois que a gente bota a mão no dinheiro é outra história”, diz. Animada, a agricultora planeja aumentar e diversificar a produção. “Vi que eles pegam muita fruta, então preciso plantar fruta. Já estou com as mudas preparadas. Quero plantar batata, inhame, cará, chuchu. Vou plantar chuchu nem que seja no balde”, promete.
Sonho em família
O exemplo da mãe inspira outra Eliane, que também mora em Flores de Goiás: Eliane de Oliveira Moura, 35 anos, participa do Programa de Cerveja de Mandioca, iniciativa do Governo de Goiás que reúne GPS, Seapa, Emater e Secretaria da Retomada, em parceria com as empresas Ambev e Colombina. “Minha mãe é apaixonada por roça, está com idade avançada, já não tem a força que tinha antes, então a gente vai para terra plantar, colher e vender, para não deixar que morra o sonho dela”, relata a agricultora. O pai também “garra no serviço” e, se a tarefa é grande, tios e primos dão aquela força.
Junta, a família já contabiliza 20 toneladas de mandioca fornecidas às indústrias para produção de cervejas. A mãe de Eliane, Marli Pereira de Oliveira Moura, de 57 anos, já tem projeto de aumentar a produção com financiamento bancário.
“Participar do Programa da Cerveja de Mandioca foi muito gratificante e motivador. Diante da falta de recursos financeiros que vivemos durante essa pandemia, e de outros obstáculos, o programa nos ajudou de forma muito significativa e nos fez ver que podemos, sim, produzir e ter um resultado financeiro diferenciado. Temos somente que agradecer”, testemunha Eliane.
Gerentes da Seapa destacam avanços no mercado e importância do 8 de Março
A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) é gestora ou parceira dos programas sociais ligados ao setor agropecuário em Goiás. Mulheres competentes integram a equipe do órgão. São 71 servidoras ao todo, ocupando cargos técnicos, administrativos e de gestão. Entre elas estão as gerentes de Infraestrutura Rural, Claudia Nogueira; de Inteligência de Mercado, Juliana Lopes; de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Kenia Lacerda; e de Gestão e Finanças, Sherlly Rodrigues de Lima.
A gerente de Infraestrutura Rural da Seapa, Claudia Nogueira, testemunha que, ao percorrer o Estado para levar políticas públicas, é possível notar com clareza a presença feminina nas propriedades rurais e também nas instituições ligadas ao setor. “Este era um setor considerado majoritariamente masculino até pouco tempo atrás. Hoje as mulheres têm buscado capacitação nas diversas ocupações e atividades do campo, tanto administrativas como técnicas, na operação de máquinas, no cuidado dos animais, e também na pesquisa, extensão, produção e gestão. Elas empreendem e estão à frente também como executivas e lideranças”, avalia.
Responsável pela área de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da Secretaria, Kenia Lacerda cita mulheres que ocupam postos relevantes dentro e fora do agronegócio, sendo uma delas a ministra da Agricultura, Pecuário e Abastecimento, Tereza Cristina. Kenia pontua que o Brasil tem evoluído muito no que diz respeito à ocupação de postos de trabalho pelas mulheres, apesar dos desafios a serem superados, como a igualdade de salários e oportunidades. “O Dia Internacional da Mulher é uma data que marca a necessidade de falarmos a respeito destas condições e buscarmos uma sociedade mais justa”, lembra.
Já a gerente de Inteligência de Mercado da Seapa, Juliana Lopes, destaca que, na comparação entre os dois últimos censos agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação da mulher na gestão dos estabelecimentos rurais da agricultura familiar cresceu cinco pontos percentuais, passando de 11,4% para 16,4%. “Sem dúvida, ainda há muito para conquistarmos com o objetivo de construirmos uma sociedade mais justa para todos. É por cada um de nós e pela necessidade de aumentarmos a conscientização de que ainda temos muito a avançar que o 8 de Março é tão importante”, afirma.