Após dois meses da cirurgia de separação, Laís recebe alta
Após dois meses e três dias da cirurgia de separação, a pequena Laís, de 1 ano e 7 meses, deixou o Hospital Estadual Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI), na tarde de segunda-feira, 29, quando recebeu alta médica. Ela é irmã gêmea de Laura, que já havia recebido alta em 12 de fevereiro.
A equipe de multiprofissionais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica fez questão de acompanhar a saída da mãe com a criança, juntamente com o cirurgião pediátrico Zacharias Calil. E a despedida foi com uma salva de palmas.
Emoção e gratidão era o sentimento de Liliane Silva, mãe das meninas, ao deixar a unidade do Governo de Goiás com a outra filha no colo. “Eu nunca recebi um prêmio na minha vida e estou recebendo hoje, que é levar minha outra filha pra casa. Quero agradecer a todos que oraram e torceram por nós. Só gratidão”, disse Liliane, emocionada.
Lina Soares, a tia que acompanhou as meninas desde o início, levou Laura até ao hospital para buscar a irmã. “Não via a hora das duas irmãs estarem juntas de novo. Hoje é só felicidade, graças a Deus”, afirmou Lina.
Segundo Calil, que liderou a equipe de 38 profissionais na cirurgia de separação, em 26 de janeiro, Laís é uma guerreira. “A Laís foi operada três vezes. Ela apresentou quadro de infecção intestinal, teve um problema cardíaco muito severo e conseguiu superar todos os desafios. Hoje ela está saindo daqui (do HMI) em boas condições, para que ela possa ter uma vida independente”, garantiu o cirurgião.
As gêmeas ainda vão continuar em Goiânia, na casa de apoio da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), sendo acompanhadas pelo cirurgião pediátrico.
Acompanhamento
Laura e Laís passaram pela cirurgia de separação no dia 26 de janeiro, com duração de 17 horas e envolvimento de 38 profissionais de várias especialidades, liderados por Zacharias Calil. As crianças nasceram em 15 de agosto de 2019, no Hospital e Maternidade Luís Argolo, na cidade de Santo Antônio de Jesus, na Bahia. Elas eram unidas pelo abdômen e bacia e compartilhavam a genitália e os intestinos grosso e delgado.
Referência em separação de gêmeos, o HMI já realizou 19 procedimento semelhantes, de 41 casos atendidos na unidade. Essa é também a 20ª separação realizada por Zacharias Calil. A primeira, no 2000, foi das gêmeas Larissa e Lorrayne, que eram unidas pelo abdômen e pela pelve. A literatura médica mundial indica que, dentre os siameses operados, um em cada cinco sobrevive à cirurgia. No HMI, esse índice chega a 50%.