App selecionado pelo Centelha é oportunidade para serviços remunerados ou voluntários

O Centelha estimula a criação de empreendimentos inovadores e dissemina a cultura empreendedora pelo Brasil. Oferece mentorias, capacitações e recursos financeiros para transformar ideias inovadoras em negócios de sucesso

Quem utiliza aplicativos de veículos para se locomover e conversou por alguns minutos com o motorista já encontrou profissionais com nível superior ou que exerceram cargos de gestão dirigindo o carro. É fato que o índice de desemprego no Brasil constantemente ronda a casa dos milhões. No último trimestre, encerrado em fevereiro deste ano, somava mais de 12 milhões o número de desempregados, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  A pesquisa traz também que mais de 6 milhões de pessoas estão subocupadas, ou seja, com insuficiência de horas semanais trabalhadas e mais de 27 milhões subutilizadas, o que quer dizer com potencial para trabalho, porém não estavam efetivamente trabalhando.

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Com base em dados como esses e visão de empreendedor, Olinto Manso Pereira se questionou “por que esses profissionais não consideravam empreender dentro de suas competências ou realizaram uma transição de ocupação fazendo o que sabem?”. Manso afirma que para gerar valor para a economia, é preciso que o empreendedorismo deixe de ser necessidade para se tornar oportunidade.

Foi com esse propósito que ele fundou a Kolabe, uma plataforma digital colaborativa entre profissionais para contratar ou oferecer serviços de forma voluntária ou remunerada. “A chave da prosperidade é o trabalho, seja ele remunerado ou não. A tudo isso chamamos colaboração. A tese da Kolabe é de que quando você faz um trabalho disponibilizando sua expertise para outras pessoas, mais pessoas te conhecem  e você cria uma marca pessoal através da hora técnica de alto nível que doou para alguém. Basicamente, o networking, o contato profissional, é feito por relações pessoais ou dentro de empresas. O que propomos é um networking que se baseie em ganho de capital relacional. Quanto mais pessoas te conhecerem pelo seu talento, vão te chamar para um outro emprego ou negócio”, argumenta o CEO da plataforma.

Ele destaca ainda a importância do trabalho voluntário como construção de capital relacional. ”O objetivo do voluntariado está no que estudiosos da área chamaram, para as empresas, de filantropia estratégica. É um movimento de ganha-ganha, com recompensas para ambos os lados. O hábito que queremos ajudar a criar, por meio de uma tecnologia social, é o de ajudar outras pessoas. A recompensa é o trabalho e a renda”, frisa Manso.

Após a fundamentação da ideia e um planejamento inicial, era preciso desenvolver um protótipo aplicável do produto a ser oferecido. Foi nesse estágio que a Kolabe inscreveu seu projeto na primeira edição do Programa Centelha em Goiás. “A Kolabe já tinha um planejamento anterior ao Programa, mas estávamos sem recursos para concluir o projeto. Então, a primeira fase do Centelha foi para concluir o planejamento, e a segunda, embarcar novas funcionalidades, corrigir erros e promover reiterações. Uma das funcionalidades foi o uso de Inteligência Artificial (IA). É muito difícil uma tecnologia de alto nível ser embarcada num protótipo inicial em função do custo e da dificuldade de mão-de-obra especializada. Mas conseguimos usar o recurso financeiro para gerar avanço técnico na plataforma, através da subvenção do Centelha”, comemora o fundador.

O Programa Centelha estimula a criação de empreendimentos inovadores e dissemina a cultura empreendedora pelo Brasil. Para isso, oferece mentorias, capacitações e recursos financeiros para transformar ideias inovadoras em negócios de sucesso. O Programa é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), e operada pela Fundação Certi. Em Goiás, o programa é executado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).

Kolabe

A plataforma funciona no modelo freemium, que significa que o usuário pode usar todas as funcionalidades gratuitamente. Após fazer o cadastro, o profissional tem a possibilidade de oferecer um serviço remunerado ou voluntário. Se for cliente, pode postar uma solicitação de serviços ou de colaboração para receber propostas. Pode também procurar profissionais buscando o que fazem pela barra de buscas ou navegando pelas categorias. Existe ainda uma função baseada em Inteligência Artificial para interpretar textos das bios (biografia/ autodescrição) e das mensagens que gera matchmaking, ou seja, uma combinação entre os pares, com recomendações entre Kolabers de acordo com seus perfis e interesses em comum. Tanto quem presta como quem precisa de serviços pode impulsionar mensagens promovendo suas ofertas e demandas para outros Kolabers dentro do app.

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Olinto Manso Pereira, fundador e CEO do Kolabe
Foto: Arquivo Pessoal

Por ser um marketplace (plataforma virtual de comércio) de serviços e colaborações voluntárias, atende ao perfil de profissionais freelancers, autônomos ou MEIs (Microempreendedores Individuais) que podem realizar entregas digitais de qualquer lugar do Brasil, desde que o serviço possa ser disponibilizado eletronicamente. Trata-se de uma oferta de serviços de natureza intelectual em áreas como designer, redação, tradução, programação, consultoria, entre outros. Todas as etapas, desde a contratação ao pagamento (em casos de trabalho remunerado), acontecem dentro da plataforma.

O aplicativo também atende o perfil de empreendedores ou executivos de empresas que queiram reduzir seus custos de contratação e que buscam pessoas que além de possuírem boa capacidade técnica, também sejam profissionais com boas soft skills, ou seja, boas habilidades comportamentais, como inteligência emocional, colaboração, trabalho em equipe, resiliência, entre outras. Nesse ponto também entra o princípio ESG (Environmental, Social and Governance), que são as práticas de governança de uma empresa com a finalidade de gerar mudanças positivas na comunidade local e no mundo que, quando comprovadas, fazem essas empresas serem priorizadas por bancos na obtenção de crédito ou por fundos de investimentos interessados em aportar capital. “Quando empresas contratam empreendedores de perfil voluntário está capilarizando seu impacto social-ambiental”, destaca Manso. E tem ainda um terceiro perfil, que são as Organizações Não-Governamentais (ONGs), que podem demandar serviços profissionais voluntários dentro do aplicativo.

Gamificação

Um diferencial da plataforma é que os profissionais têm mais visibilidade na plataforma se ajudarem de forma voluntária outras pessoas, empresas ou organizações sociais e não por terem o preço mais baixo ou por terem boas avaliações em suas entregas. Para isso, a Kolabe desenvolveu uma gamificação colaborativa. Se o usuário quiser impulsionar sua oferta de serviços ou colaboração, uma solicitação, para outros membros da rede, pode fazê-lo usando as moedas da plataforma, que podem ser adquiridas gratuitamente ao cumprir os desafios do app.

O modelo de negócios da Kolabe se baseia na compra dessas moedas e recebimento de porcentagem de cada transação feita dentro dela. São vários desafios para ganhar moedas e pontos, dentre eles está criar um primeiro serviço; responder ao questionário de feedback; ser escolhido para a primeira contratação; receber uma nota cinco estrelas; estar em primeiro do ranking, entre muitos outros. Ao cumprir os desafios, outros são desbloqueados, fazendo o Kolaber subir de nível.

Raking- Kolab
Desafios Kolabe

De acordo com o fundador, “os desafios da plataforma têm dois objetivos. O primeiro é que através deles os usuários testam o aplicativo, pois recebem moedas grátis para impulsionar suas ofertas ou demandas. Também tem o papel de dar destaque para os melhores profissionais, pois ao receberem notas altas por seus serviços ou colaborações, sobem no ranking, ficam mais visíveis e, logo, são considerados mais confiáveis. Tudo isso é para empoderar o Kolaber que é bom no que faz e ainda ajuda outros na plataforma. Por fim, gamificação é um mecanismo de engajamento e é também por isso que ele existe”.

Atualmente o aplicativo Kolabe possui 1.200 profissionais inscritos, 300 deles ativos, e está funcionando plenamente. Para ter acesso basta os interessados entrarem no site para terem acesso a versão web ou baixarem o app para IOS ou Android.