Fapeg fomenta projeto de validação de software para avaliação de frequência cardíaca

A tecnologia também, poderá estar embutida em objetos do cotidiano dos usuários, como, por exemplo, na televisão, na central multimídia do carro, no espelho do banheiro e, até mesmo, na indumentária e em óculos inteligentes

A validação do software é resultado do trabalho de mestrado em Atenção à Saúde da fisioterapeuta Patrícia Cândida de Matos Lima Martins, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás, com bolsa de mestrado pelo Edital nº 003/2017. Os trabalhos foram coordenados pela professora doutora Priscila Valverde de Oliveira Vitorino. A validação se deu com a publicação do artigo em dezembro de 2021 no European Heart Journal – Digital Health, uma revista internacional da Sociedade Europeia de Cardiologia com foco em saúde digital em medicina, um dos cinco periódicos mais importantes do mundo na área da cardiologia.

A amostra para validação do software foi composta por 102 participantes de ambos os sexos, tendo como critérios: pesspas saudáveis com idade superior a 18 anos, voluntários, estudantes ou docentes da Escola de Ciências Sociais e da Saúde, da Escola de Ciências Exatas e da Computação e da Escola de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

O novo software apresentou acurácia aproximada aos instrumentos considerados padrão-ouro. O estudo teve o frequencímetro Polar® S810i como instrumento de comparação. O algoritmo implementado pelo HRVCam utiliza os mesmos princípios dos sensores fotopletismográficos causados pelos batimentos cardíacos, ou seja, pela mensuração da absorção de luz é possível quantificar a variação do volume do vaso sanguíneo e quantas vezes este evento ocorre ao longo do tempo.  O HRVCam funciona de forma não invasiva e sem contato físico com o corpo do usuário.

A pesquisadora entende que “a tecnologia embutida no HRVCam é importante para a comunidade científica e para a sociedade, uma vez que aumenta a eficiência na obtenção da FC e da VFC, reduzindo custos e tempo, é de fácil aplicabilidade, aprimora o exame e pode ser utilizada em qualquer local”. Para ela, o uso de sistemas de monitoramento sem contato poderá ajudar no controle de doenças crônicas, além de permitir o monitoramento durante o exercício realizado com fins de tratamento ou treinamento, podendo substituir os aparelhos convencionais com o mesmo objeto, como o eletrocardiograma e o Polar®.

A pesquisadora que trabalhou na pesquisa para validação do software aponta a possibilidade de, “futuramente, esta tecnologia suportar o monitoramento multiparamétrico, incluindo novas variáveis, como a oximetria, a velocidade de onda de pulso, a pressão arterial e a frequência respiratória. A tecnologia também, poderá estar embutida em objetos do cotidiano dos usuários, como, por exemplo, na televisão, na central multimídia do carro, no espelho do banheiro e, até mesmo, na indumentária e em óculos inteligentes”. Atualmente, os pesquisadores estão testando outras funcionalidades para o software.

Benefícios

Patrícia Martins explica que, em geral, os sistemas de aquisição de FC e VFC requerem uma área de contato para a instalação e o posicionamento dos eletrodos como no caso do eletrocardiograma (ECG), os monitores de frequência cardíaca e os sensores fotopletismográficos. Em alguns casos, o posicionamento dos eletrodos cria restrições e limitações aos movimentos do paciente, além de que, verificações prolongadas podem causar dores e irritações, e até mesmo serem inviáveis em algumas situações, como, em vítimas de queimadura, em recém-nascidos prematuros e em idosos com pele frágil, daí algumas vantagens do novo método. A tecnologia permite aumentar o conforto e o bem-estar do paciente em ambulatórios e no leito hospitalar e, ainda, reduzir a ocorrência de falhas causadas pela soltura de eletrodos e/ou movimentação inadequada.

Outras situações que também são favoráveis ao seu emprego são associadas à localização dos recursos, como pacientes em áreas rurais, presídios, presença de obstáculos geográficos (ilhas, montanhas, desertos), situações de guerra ou desastres naturais, asilos e estações espaciais. Ela destaca que a verificação e validação de uma tecnologia para o monitoramento sem contato, em diferentes cenários de aplicação, com diferentes perfis de usuários, devem revelar parâmetros necessários para a definição de novos protocolos e novos serviços em saúde, customizados em acordo com as demandas de cada usuário e executados à distância, em domicílio ou em qualquer outro ambiente e a qualquer horário.

Este projeto é parte integrante do estudo intitulado: “Validação do software HRVCam para Avaliação da Frequência Cardíaca, da Variabilidade da Frequência Cardíaca e da Pressão Arterial”, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Envelhecimento Saudável e Cuidado Integral às Enfermidades Cardiovasculares em parceria com o Grupo de Engenharia Biomédica e Sistemas Embarcados.

O estudo contou com a participação de Lucas Monteiro Lima, graduado em Fisioterapia (PUC Goiás); Israel Machado Brito Souza, graduado em Engenharia da Computação (PUC Goiás); Gabrielly Craveiro Ramos, doutora, professora do Curso de Fisioterapia (PUC Goiás); Pedro Henrique de Brito Souza, mestre em Engenharia Biomédica (UnB); Talles Marcelo Gonçalves de Andrade Barbosa, doutor, professor do Curso de Engenharia da Computação (PUC Goiás); Weimar Kunz Sebba Barroso, Doutor, cardiologista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Patrícia Cândida de Matos Lima Martins é professora do curso de Fisioterapia no Centro Universitário Alfredo Nasser/ UNIFAN. Leciona as disciplinas: Cinesiologia e Biomecânica, Cinesioterapia, Métodos e técnicas de avaliação, Fisioterapia Dermatofuncional e supervisão de estágio de ortopedia.

* Os estudos para a criação do software tiveram início em 2017, pelo então graduando Israel Machado Brito Souza, sob orientação do professor doutor Talles Marcelo Gonçalves de Andrade Barbosa, do Curso de Engenharia da Computação (PUC Goiás).