Saúde alerta para gravidade da doença de Chagas

Sorologia para a doença de Chagas é feita com exames pré-natais conhecidos como Teste da Mamãe Foto: banco de imagens Maria José Silva, da Comunicação Setorial

A doença de Chagas constitui um problema de saúde pública de dimensão internacional. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a enfermidade é endêmica em todos os países da América Latina, onde estima-se que de 8 milhões a 10 milhões de pessoas estejam infectadas. No Brasil, conforme registros do Ministério da Saúde (MS), cerca de 2,9 milhões de pessoas convivem com a doença, que mata, também no País, 6 mil pessoas por ano, em média.
 
Os dados preocupantes sobre a enfermidade no mundo impulsionaram a instituição do Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, lembrado em 14 de abril. A data, criada em 2019, durante a 72ª Assembleia Mundial da Saúde, objetiva proporcionar maior visibilidade à enfermidade, caracterizada como negligenciada, e chamar a atenção de toda a população, em especial de gestores, para a necessidade de definição de recursos para a prevenção, controle e eliminação da doença.  

Em Goiás, a data será marcada com evento virtual da fundação da Associação Goiana dos Portadores da Doença de Chagas, às 10 horas de quarta-feira, 14 de abril, por meio do endereço www.YouTub.com/hcufg. A instalação visa promover a luta pela conscientização da população sobre os sinais e sintomas da enfermidade e pela melhoria do acesso ao tratamento da doença de Chagas. 

Dados no Estado
Segundo a responsável técnica pelo Programa Estadual de Doença de Chagas da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), a biomédica Liliane da Rocha Siriano, estima-se que em Goiás existam de 100 mil a 200 mil pessoas com doença de Chagas. O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) mostra que, em média, 750 pessoas morrem por ano em Goiás pela enfermidade, o que corresponde a 2,4% do total de mortes no Estado. Em 2019 foram confirmados 1.206 casos da enfermidade em Goiás. Devido à pandemia de Covid-19, houve um decréscimo nas notificações  em 2020, com o registro de 624 casos. 

Liliane Siriano informa que o Programa Estadual de Doença de Chagas é desenvolvido pela SES-GO, em parceria com o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais e Ministério da Saúde. Ela destaca que novas parcerias estão sendo estruturadas com entidades internacionais, entre elas, a Central Internacional para a Compra de Medicamentos (Unitaid), Médicos Sem Fronteiras e Iniciativa medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi). 

A sorologia para a doença de Chagas é feita com exames pré-natais conhecidos como Teste da Mamãe. A série histórica de triagem sorológica em gestantes mostra que a doença foi a terceira mais detectada em um total aproximado de 350 mil grávidas. Liliane Siriano enfatiza que essa triagem é de suma importância. 

“A partir da gestante infectada, a testagem em recém-nascido é preconizada como forma de rastrear a transmissão vertical”, sublinha a responsável técnica, assinalando que a cura da doença em menores de 1 ano pode chegar a 100%. 

Fases aguda e crônica
A doença de Chagas tem, na fase aguda, os sintomas de febre persistente, mal-estar generalizado, dor na perna, inchaço nas pálpebras e inflamação no local da picada pelo barbeiro. 

Além da transmissão do Trypanosoma cruzi, pelo barbeiro, a enfermidade também é causada pelo consumo de alimentos contaminados, entre os quais o açaí e o caldo de cana; pela transmissão vertical, de mãe para filho; pela transfusão sanguínea, transplantes de órgãos e acidentes laboratoriais. No decorrer dos anos, ao se tornar crônica, a doença de Chagas causa problemas no esôfago, intestino e coração. 

Os doentes crônicos podem ser acompanhados pelo programa Estratégia de Saúde da Família, recebendo atenção específica tal como avaliação cardiológica e de gastroenterologista. O centro de referência para diagnóstico e tratamento da doença de Chagas está instalado no HC, para onde a maioria dos pacientes é encaminhada.