Polícia civil desarticula quadrilha que utilizava aeronaves para o tráfico de drogas
A Polícia Civil de Goiás deflagrou nesta quinta-feira (15/04) a Operação Narco Flight contra membros de uma organização criminosa, suspeita de utilizar aeronaves para movimentar o tráfico interestadual e internacional de drogas. Durante a ação, realizada pela Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), quatro pessoas foram presas temporariamente no Estado. Entre os detidos estão o chefe da quadrilha, o gerente operacional e dois operadores (responsáveis pelo trabalho de campo).
Outros 17 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Santa Catarina. As diligências foram realizadas em locais utilizados pelos pilotos e possíveis financiadores do esquema criminoso, além de uma escola de aviação na capital, suspeita de dar manutenção e custódia às aeronaves. Foram apreendidas ao todo sete aeronaves, dois veículos de luxo, documentos e computadores, que deverão agora passar por perícia. Também foi lavrado um Auto de Prisão em Flagrante por posse irregular de arma de fogo.
O secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, elogiou o trabalho desempenhado pela Polícia Civil, que desarticulou um dos maiores grupos criminosos relacionados ao tráfico. “Um trabalho longo, mas muito bem feito. Eles já estavam operando há muito tempo, mas nós conseguimos, com apoio do Ministério Público, da Justiça, dar um basta nessa ação criminosa. Quebrou-se um ciclo, mostrando que aqui em Goiás a gente não admite crime, não admite tráfico, não admite roubo e a gente não admite também impunidade”, destacou.
De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Alexandre Lourenço, essa é a terceira operação realizada pela corporação nos últimos dois anos, de combate à utilização da aviação civil para o tráfico de entorpecentes. “No Estado de Goiás, essa realidade já não está existindo mais. Estamos percebendo que aos poucos eles estão migrando para estados fronteiriços. Apesar de tudo, passando aqui dentro, nós temos polícias atentas e vigilantes para repressão dessa atividade criminosa”, pontuou. .
Investigação
A quadrilha passou a ser investigada após informações sobre um helicóptero, que estaria trazendo entorpecentes para Goiás. A aeronave foi localizada e apreendida na fronteira com o Mato Grosso. Além do prefixo adulterado, os ocupantes foram detidos em flagrante por porte ilegal de munição. O piloto do helicóptero, depois de solto, foi preso novamente meses depois, no Pará. Ele conduzia outra aeronave, com 1 milhão de dólares e uma arma de fogo.
De acordo com o delegado Rodrigo Mendes, titular da Draco, após a apreensão do avião, uma terceira aeronave foi adquirida pelo grupo. “Ela voa muito pouco, porque eles vão pousar em uma pista clandestina e essa aeronave acaba se acidentando. A quadrilha parte para a aquisição de uma quarta aeronave, que sai daqui de Mozarlândia, no Estado de Goiás. Essa aeronave é apreendida no Amazonas, com grande quantidade de combustível. Os pilotos também não tinham autorização para voo e muito menos plano de voo”, informou.
A organização criminosa foi então identificada com uma quinta aeronave, partindo de Palmeiras de Goiás, município a 80 quilômetros da capital. No momento do pouso, contudo, o trem de pouso do avião sofreu danos. Segundo a investigação, o grupo comprou uma nova aeronave, que também foi apreendida em Roraima, transportando 400 quilos de skunk (supermaconha) e 10 quilos de pasta base de cocaína. A sétima e última aeronave do grupo foi localizada e interceptada pela Força Aérea da Colômbia, no momento em que sobrevoava o país para buscar entorpecentes.
Estima-se que a quadrilha tenha movimentado durante o período de investigação aproximadamente R$ 50 milhões. “Nós identificamos fazenda, imóveis de luxo, veículos de luxo. O objetivo da operação da Polícia Civil é justamente bloquear esse patrimônio para quebrar de uma vez por todas a atuação dessa organização criminosa”, ressaltou o delegado.
A apuração do caso continua, com o objetivo de identificar outros membros do grupo, que seria oriundo de uma grande facção criminosa brasileira. Os suspeitos irão responder no inquérito policial pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, 40 policiais civis participaram da Operação Narco Flight, que contou com apoio de equipes de São Paulo, Mato Grosso e Santa Catarina.