Secretário participa da inauguração de Cátedra da UFG, em parceria com a ONU, em Goiás
Goiás, que tem a fama de ser um lugar acolhedor e hospitaleiro, recebeu um reforço para unificar as atividades em prol dos refugiados que buscam no Estado um recomeço e uma vida melhor. A Universidade Federal de Goiás (UFG) inaugurou, na tarde desta sexta-feira (5/3), a Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), um programa feito em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
A cerimônia, realizada de forma virtual, contou com a presença do secretário-geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima, que no ato representou o governador Ronaldo Caiado. Na ocasião, ele criticou todo tipo de rotulação como forma de segregação das pessoas. “Se for para termos um rótulo, que seja o de seres humanos”, disse.
Adriano lembrou que o mundo vive um momento de muita dor, por causa da pandemia de Covid-19, que deve servir como momento de reflexão para ressaltar mais o nosso lado fraterno. “Nossa humanidade só caminhará melhor se nós pudermos ouvir o outro e superar as nossas divergências, em prol de uma melhor sociedade. Então, quando falamos de refugiados, nós estamos colocando à tona essa característica de ser humano e colocando em evidência a característica da solidariedade do povo goiano”, discursou.
O reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira, se disse emocionado com o lançamento, e destacou: “Gostaria de ressaltar algumas falas ditas aqui, especialmente a do secretário Adriano, que ressalta a importância de ser humano. E ser humano é respeitar o próximo, seja ele de qualquer nacionalidade. Então, nós precisamos tratar e dar dignidade às pessoas”, acentuou.
Além do secretário, do reitor Edward Madureira, entre outros membros da UFG, participaram da inauguração diversos representantes do poder municipal, estadual, federal e da Acnur/ONU. O coordenador-geral da CSVM pela UFG, João Henrique Roriz, definiu o projeto como “uma iniciativa que congrega pessoas com vontade de acolher o próximo”.
A deputada federal Flávia Morais (PDT) parabenizou a iniciativa e ofertou apoio a projetos de lei relativos à atenção aos refugiados, na bancada goiana no Congresso Nacional, assim como às políticas públicas para melhorar esse acolhimento em Goiás. “Que, todo ano, nós possamos fazer um levantamento e mapear os progressos e avanços que nós teremos em relação à permanência de refugiados em nosso Estado”, destacou.
Nos últimos anos, Goiás tem recebido diversos haitianos, africanos e, mais recentemente, venezuelanos. As ondas migratórias no Estado foram relatadas pelo secretário-executivo da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação, Michel Magul. Nascido na Argentina e filho de libanesa, ele citou sua trajetória pessoal e afirmou: “Nós sabemos que Goiânia e Goiás foram construídas por imigrantes”.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Goiânia, vereadora Ava Santiago, destacou a história de Sérgio Vieira de Mello, uma pessoa que dedicou a sua trajetória pelos povos, mas acabou morto em um ato terrorista. “É também um convite a vencermos os extremismos que nos separam em guetos. Guetos religiosos, territoriais e políticos e que conduz os nossos passos no sentido de segregar as pessoas e de estarmos cada vez mais autocentrados em nossas convicções, em nossas próprias visões de mundo”, afirmou.
Parceria
O representante da Acnur Brasil, José Egas, disse que a parceria com a UFG é recente, mas a presença de toda a equipe da universidade já tem se mostrado de imensa importância para a atuação da agência da ONU em Goiás. “A Cátedra Sérgio de Mello, em seus mais de 16 anos de existência, tem se tornado uma referência no tema e um espaço privilegiado de criação e difusão de conhecimento que impacta a vida de solicitantes da condição de refúgio no Brasil”, disse.
Atualmente, quase 30 universidades formam uma rede com a Cátedra Sérgio Vieira de Mello. Trata-se de uma rede formada pela Acnur, pensada para inclusão de pessoas em situação de refúgio na sociedade através da educação, pesquisa e extensão na comunidade universitária. A atuação da CSVN é reconhecida no Brasil e em diversos países.