Procura pelo Programa Educação de Jovens e Adultos a Distância aumenta em 300%
“Voltei a estudar e melhorou até os pensamentos. Sou separado e estava sozinho. Melhorou a minha vida. Os professores são ‘gente boa’, vou sentir falta de estar junto com eles, de interagir”, diz o motorista Emivaldo Batista Alves, de 50 anos. Ele integra a primeira turma do programa Educação de Jovens e Adultos na modalidade de ensino à distância (EJA-TEC), criado em 2019 pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), com o objetivo de oferecer a maiores de 18 anos que trabalham a oportunidade de concluir o Ensino Médio.
“Fiquei sabendo do curso por um jornal”, afirma Emivaldo. Logo em seguida, ele procurou o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), no Universitário, em Goiânia, uma das 16 escolas que oferecem a modalidade.
Hoje, formado, Alves está na expectativa de pegar o diploma. Diz que estava há 20 anos sem estudar. Parou quando veio do Tocantins para morar em Goiânia. “Até queria voltar a estudar, mas era difícil conciliar estudo com o trabalho”, lembra. Atualmente, o motorista continua trabalhando, mas a modalidade a distância facilitou o retorno às aulas.
Segundo o gerente de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Samy Soubhe Tannous, tanto a modalidade a distância, quanto a presencial têm duração de três semestres. A diferença do curso à distância é a oportunidade do aluno cumprir 80% da carga horária remotamente. “Na plataforma estão todos os conteúdos, videoaulas e controle de avaliação e frequência”, explica. “Quem busca essa modalidade tem dificuldade de frequentar a escola. E quando dou essa chance de fazer o curso quase 100% a distância, isso facilita”, conclui o especialista.
Desde a criação, o projeto apresentou crescimento expressivo. Em agosto de 2019, a modalidade teve 474 matriculados. Já no primeiro semestre de 2020, registrou 1096, e no segundo, saltou para 1949 estudantes. Ou seja, da primeira para a última turma houve uma expansão do ensino à distância em 311%.
Direito
Emivaldo diz que sentiu a necessidade de voltar a estudar para se aprimorar. “Percebi a evolução no mercado e uma necessidade urgente de voltar para a escola. O fato da aula ser online facilitou a decisão de retomar”, explica. E ele teve incentivo justamente de seu superior. “Me deu o maior apoio. Disse que se eu conseguir passar em qualquer faculdade, vai me ajudar”, conta o motorista, que fez o Enem este ano e já pensa na faculdade. Quer cursar Direito.
E a depender do empenho, Emivaldo deve comemorar o acesso ao Ensino Superior em breve. Segundo ele, seu histórico escolar é composto por muitos “dez”. Questionado se foi aplicado, é direto: “Fui! Parei até de ir para o boteco. Chegava do trabalho às 18 horas e ia estudar. Ficava até duas horas da manhã fazendo tarefas. Como viajo muito, terminava o serviço e ia para o hotel estudar. Acessava a plataforma de exercícios pelo celular”.
E o projeto se aprimora ao longo do tempo. De acordo com Samy Soubhe, a plataforma está mais interativa, com mais recursos, e quem entra gosta da proposta. “Você pode cursar de casa, do trabalho, de qualquer lugar”, reforça. E como opção à falta das aulas presenciais por conta da pandemia de Covid-19, a plataforma ganhou uma aba onde professores e alunos conversam o tempo todo para tirar as dúvidas dos alunos. “Muita gente gostou do formato”, afirma o professor.
A secretária de Estado da Educação, Fátima Gavioli, diz que o projeto foi pensado antes da pandemia, mas sua metodologia, atualmente, é repetida em quase todo mundo, uma vez que promove a inclusão do aluno que não pôde estudar no momento certo. “Traz oportunidade para que a pessoa possa estudar indo a escola uma ou duas vezes por semana, mas fazendo todas as atividades de forma remota”, destaca. E ela continua: “O EJA-TEC representa a universalização do Ensino Médio no nosso Estado”, conclui.