Municípios são capacitados para criação de grupos reflexivos contra violência doméstica

Curso para criação de grupos reflexivos para agressores de mulheres é realizado com servidores de Jaraguá, Cidade de Goiás, Itaberaí, Águas Lindas e Abadia de Goiás (Foto: Wagnas Cabral)

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds) capacita novos servidores para a implementação de grupos reflexivos destinados a agressores de violência doméstica nos municípios goianos.

Jaraguá, Cidade de Goiás, Itaberaí, Águas Lindas e Abadia de Goiás são os primeiros a receberem o treinamento realizado em Goiânia, com uma turma de 25 servidores, formada por assistentes sociais, psicólogos e advogados.

A ação integra o Pacto Goiano pelo Fim da Violência Contra a Mulher, que faz parte do Goiás Social.

Durante três dias, a equipe multidisciplinar debaterá, no curso Violência de gênero: fundamentos e metodologia para o atendimento psicossocial, temas acerca do contexto sócio-histórico e cultural da construção do gênero e sobre a Lei Maria da Penha, além de participar de oficinas envolvendo dinâmica e metodologia dos atendimentos de grupo reflexivo.

O curso é ministrado pelo Centro de Referência Estadual da Igualdade (Crei) em duas turmas por mês. A expectativa é levar a formação a 45 municípios até o final deste ano.

Grupos reflexivos

Os grupos reflexivos são compostos por homens que sofreram sanção penal por agressão a mulheres. Eles são encaminhados por determinação do judiciário, portanto, a participação é obrigatória nesse trabalho com a finalidade de reeducação, para que não cometam mais o delito.

São entre 10 e 12 encontros, realizados uma vez por semana. Atualmente, 49 municípios já contam com os grupos, entre eles, Itumbiara, Niquelândia e Cristalina.

Os encontros têm como objetivo propiciar um ambiente educativo e pedagógico, no sentido de acolher e orientar os participantes quanto às suas vivências.

Abordagens

Durante os encontros são abordados assuntos no âmbito cultural, da história de vida de cada um, da identidade, dos modelos aprendidos sobre como é ser homem e mulher na sociedade, das perspectivas e desigualdades de gênero e dos contextos gerais de violência.

Também são tratados aspectos da Lei Maria da Penha, problemas relacionados ao álcool e às drogas, incluindo possibilidades de tratamento, além de abordagens sobre autoestima e projetos de vida.

A secretária Municipal da Mulher, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos da Cidade de Goiás, Iolanda Aquino, ressaltou que o curso, além de trazer conhecimentos, permite a troca de experiências entre participantes de vários municípios.

“Estou muito otimista por saber que iremos avançar no combate à violência doméstica na nossa cidade, a partir desta formação e da criação dos grupos reflexivos para homens”, declarou.

Sueli do Prado, secretaria Municipal da Mulher e da Família de Águas Lindas, também comemorou o fato de ampliar as possibilidades de os agressores de violência doméstica poderem, de alguma forma, ser tratados.

Para o secretário da Seds, Wellington Matos, o combate à violência doméstica é feito com punição aos agressores, mas também com reeducação de uma sociedade machista, onde uma grande parcela dos homens enxerga a mulher como um objeto sobre o qual têm a posse.

“Sempre nos indignamos, ficamos impactados, quando tomamos conhecimento de um caso de violência contra a mulher, mas, além da aplicação da lei, precisamos trabalhar a cultura masculina altamente violenta com a qual convivemos”, afirma Matos.