7ª Edição do PPSUS promove Ciência e Inovação na atenção à saúde em Goiás
Nos próximos dois anos 20 pesquisadores doutores vinculados a instituições de ensino superior no Estado de Goiás e suas equipes vão se dedicar à pesquisa científica, tecnológica ou de inovação voltadas para a área de saúde sobre os mais variados temas. A produção desse conhecimento busca aperfeiçoar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS).
Estes pesquisadores tiveram seus projetos avaliados durante um longo e criterioso processo seletivo previsto na chamada pública nº 05/2020 – 7ª Edição do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde – PPSUS. Os resultados finais foram divulgados nesta terça-feira, dia 4, no Diário Oficial do Estado e no site da Fapeg. Nesta edição do Programa foram submetidas 45 propostas, sendo 38 enquadradas e 20 selecionadas para receber o fomento. Os projetos foram avaliados por 56 pareceristas ad hoc, que emitiram um total de 96 pareceres.
O Programa legitima a ciência e a pesquisa como formas de promover a melhoria da qualidade de atenção à saúde no Estado de Goiás oferecendo respostas aos principais problemas e carências da população elencados previamente por meio de discussões durante oficinas. É uma iniciativa de descentralização do fomento à pesquisa que prioriza a gestão compartilhada de ações. Em Goiás, o PPSUS é conduzido pela Fapeg em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (Decit/SCTIE/MS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para fomentar os projetos, estão previstos investimentos da ordem de R$ 2.137.500,00, sendo R$ 1,5 milhão do Decit/SCTIE/MS a serem repassados pelo CNPq e R$ 637.500,0 da Fapeg/Tesouro do Estado de Goiás para capital e custeio e bolsas IDTI, mestrado e doutorado. Cada projeto receberá um valor máximo de R$ 150 mil.
O PPSUS constitui uma ferramenta potencialmente indutora para que os principais problemas de saúde da população atendida pelo SUS figurem entre as linhas prioritárias de investigação dos pesquisadores brasileiros, tendo a relevância sociossanitária como critério norteador para a definição dos temas prioritários de pesquisa. Além disso, o Programa contribui para aumentar a experiência e a produção científica dos pesquisadores locais, tornando-os mais competitivos em âmbito nacional. Torna-se uma iniciativa inovadora por adotar um modelo de gestão descentralizada e participativa, envolvendo gestores, profissionais de saúde, pesquisadores e representantes da sociedade civil.
Desde 2020, com a pandemia do novo coronavírus (SARS-Cov-2) o Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo colocado à prova. As deficiências e fragilidades foram escancaradas, assim como o seu potencial e sua importância para o cuidado da população. Mais do que nunca, a necessidade de se aprimorar e fortalecer o SUS e toda a sua estrutura descentralizada nos estados e municípios, como um direito constitucional de acesso à saúde pública, ficou evidenciada. Ao fomentar as pesquisas científicas, o PPSUS estimula cientistas a buscarem soluções para os problemas de saúde locais que possam ser incorporadas no dia a dia do atendimento à população.
Além de estimular o ensino e pesquisa na área da saúde, o PPSUS promove a integração com diversos órgãos; e, se incorporados ao SUS, os produtos das pesquisas contribuem para a superação das desigualdades regionais no contexto da inovação e do desenvolvimento científico e tecnológico no âmbito da saúde e melhoram os indicadores de saúde, promovendo impacto positivo nas condições de saúde e qualidade de vida da população. A interação com os diversos atores locais também fortalece a política estadual de saúde.
Entre os projetos selecionados estão pesquisas para o combate ao SARS-CoV-2. Os eixos temáticos para as pesquisas foram definidos antes do lançamento do edital, por meio de consulta à comunidade científica e avaliação do Comitê Gestor do PPSUS. São eles: Programas e políticas em saúde; Gestão e regulação em saúde e educação permanente em saúde; Vigilância de riscos e agravos à saúde individual e coletiva; Atenção à saúde materno-infantil, da criança, da mulher e do adolescente e; Causas externas, saúde do trabalhador e populações vulneráveis. São estudos que vão contribuir para o avanço da pesquisa em áreas críticas e carentes no Estado de Goiás e com a formação de profissionais altamente qualificados.
O SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, vacinação, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Conforme a Constituição Federal de 1988, a “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior à Constituição, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, cabendo o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
Projetos selecionados
1- Estado nutricional, consumo alimentar e saúde mental na gestação e pós-parto e desfechos materno-infantis. COORDENADORA: Ana Amélia Freitas Vilela – UFG.
Objetivo: Descrever e estimar o estado nutricional, consumo alimentar e saúde mental na gestação e pós-parto das mulheres e o estado nutricional e desfechos neonatais e maternos, com ensaio clínico aninhado. Espera-se que seja possível acumular novos conhecimentos e consolidar anteriores, bem como subsidiar propostas de mudanças e em algumas rotinas de assistência à saúde materno infantil.
2- Avaliação do polimorfismo de chit1 como fator de risco para paracoccidioidomicose e seu efeito como adjuvante ao tratamento da paracoccidioidomicose. COORDENADOR: André Correa Amaral – UFG.
Objetivo: A proposta visa obter informações a respeito do papel da quitotriosidase (CHIT1) na infecção fúngica Paracoccidioidomicose (PCM) e, em paralelo, obter a CHIT1 recombinante para ser encapsulada em um sistema nanoestruturado para a entrega de fármacos juntamente com o antifúngico sulfametoxazol-trimetrhopim no polímero quitosana. Espera-se que este projeto possa contribuir para o conhecimento científico e servir como como ferramenta para auxiliar na tomada de decisões quanto ao controle da micose.
3- Avaliação do valor preditivo e prognóstico de linfócitos infiltrantes ao tumor e células tronco tumorais em mulheres com câncer de mama. COORDENADORA: Andrea Alves Ribeiro -PUC Goiás.
Objetivo: Investigar o potencial papel preditivo e prognóstico dos linfócitos infiltrantes ao tumor e das células tronco tumorais nos carcinomas de mama in situ e invasivos, incluindo triplonegativos e não triplo-negativos.
4- Descoberta de inseticidas ecossustentáveis para o controle populacional de Aedes aegypti utilizando inteligência artificial. COORDENADOR: Bruno Junior Neves UFG.
Objetivo: Identificar novos compostos larvicidas ecossustentáveis para o controle químico de Aedes aegypti pelo SUS através da integração de ferramentas de inteligência artificial e ensaios experimentais.
5- Nanobiotecnologia verde aplicada ao controle de vetores e hospedeiros intermediários de importância médica (projeto nanomed verde). COORDENADOR: Caio Márcio de Oliveira Monteiro – UFG
Objetivo: Investigar se as nanopartículas de prata (Ag NPs) verdes sintetizadas a partir do extrato foliar de Croton urucurana (encontrada no Cerrado) possui atividade carrapaticida e moluscicida no carrapato A. sculptum e caramujo B. glabrata por meio de testes de toxicidade em diferentes fases do desenvolvimento e análise da resposta de múltiplos biomarcadores.
6- Avaliação de estratégias no enfrentamento dos impactos psicossociais da pandemia de covid-19 no Estado de Goiás. COORDENADORA: Camila Cardoso Caixeta – UFG.
Objetivo: Avaliar as estratégias da Rede de Atenção Psicossocial no enfrentamento dos impactos psicossociais da pandemia de COVID-19 no Estado de Goiás.
7- Resistência antimicrobiana associada a presença de antibióticos nos efluentes municipais: estratégias de monitoramento e quantificação de resíduos. COORDENADORA: Elisa Flávia Luiz Cardoso Bailão – UEG.
Objetivo: Desenvolver um conjunto de estratégias simples e rápidas para o monitoramento de efluentes utilizando parâmetros físico-químicos, o bioindicador Vibrio fischeri, a detecção de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e a detecção de antibióticos que podem contribuir para a resistência antimicrobiana da população do Estado de Goiás.
8- Fatores prognósticos associados aos desfechos do tratamento do câncer de boca: impacto das variáveis clínicas e fluxo de atenção no contexto do SUS. COORDENADOR: Elismauro Francisco de Mendonça – UFG.
Objetivo: Identificar o impacto de variáveis clínicas, formas de organização do serviço e fluxos de atendimento especializado ou não especializado nos desfechos do tratamento de pacientes com câncer de boca considerando tratamento cirúrgico, terapias adjuvantes, recidiva, sobrevida livre de doença e global, atendidos no âmbito de um hospital de referência do SUS, o Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) em Goiás.
9- Pesquisa de infecção por riquétsias do grupo da febre maculosa em cães, equinos, capivaras e em seus respectivos carrapatos em regiões sob vigilância epidemiológica no município de Goiânia. COORDENADOR: Felipe da Silva Krawczak – UFG
Objetivo: Pesquisar a presença de anticorpos anti-Rickettsia spp. do grupo da febre maculosa nos soros de cães, equinos e capivaras, além de identificar as espécies de carrapatos coletadas nestes animais e ambiente, e avaliar a infecção destes ixodídeos por riquétsias no município de Goiânia. Buscar analisar quais são os riscos para a população humana que habita estas áreas vulneráveis para a infecção humana com agentes riquetsiais, causadores de riquetsioses em humanos.
10- Ocorrência de antibióticos em sistemas de abastecimento de água de Anápolis e Goiânia: diagnóstico, detecção, toxicidade e resistência bacteriana. COORDENADORA: Gisele Augusto Rodrigues de Oliveira – UFG.
Objetivo: Investigar a ocorrência de antibióticos na água bruta (entrada) e tratada (saída) das Estações de Tratamento de Água (ETAs) das cidades de Anápolis e Goiânia, assim como analisar a resistência bacteriana a esses antimicrobianos e o potencial de toxicidade crônica dessas amostras.
11- Nanocristais de celulose como nova estratégia para controle de vetores de doenças tropicais: eficiência inseticida contra culex quinquefasciatus e avaliação da segurança (eco)toxicológica. COORDENADOR: Guilherme Malafaia Pinto. Instituto Federral de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano.
Objetivo: Avaliar a eficácia inseticida das nanopartículas de celulose (NCs) contra Culex quinquefasciatus no controle de mosquitos, bem como seu potencial (eco)toxicológico em organismos de diferentes níveis tróficos (de considerável representatividade ambiental), utilizando biomarcadores de toxicidade de amplo espectro.
12- Rastreamento de papilomavírus humano, Chlamydia trachomatis, Neisseiria gonorrhoeae, e Herpesvirus humano na cavidade oral e orofaringe: prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em populações em situações de vulnerabilidade socioeconômica. COORDENADORA: Juliana Lamaro Cardoso – UFG.
Objetivo: fornecer dados no âmbito epidemiológico (estimar prevalência, analisar fatores de risco associados as ISTs,) em diferentes segmentos populacionais em situação de vulnerabilidade socioeconômica, utilizando métodos de diagnóstico menos invasivo, como a coleta de material da cavidade oral e orofaringe. A triangulação destes resultados serão substratos para implementação de ações e programas de prevenção e controle destas infecções.
13- Acesso ao cuidado em saúde bucal na atenção primária à saúde em Goiânia: obstáculos enfrentados pelos usuários, famílias e comunidades. COORDENADORA: Lidia Moraes Ribeiro Jordão – UFG.
Objetivo: investigar os tipos de obstáculos (geográficos, temporais, culturais) enfrentados por usuários, famílias e comunidades na utilização dos serviços de saúde bucal do Sistema Único de Saúde de Goiânia, e avaliar a satisfação dos usuários e verificar possíveis associações entre dificuldades de acesso ao serviço de saúde bucal e/ou satisfação e características dos indivíduos e das unidades participantes.
14- Caracterização da multirresistência de pseudomonas aeruginosa em coinfecção com covid-19 e vírus respiratórios em infantis hospitalizados. COORDENADORA: Lilian Carla Carneiro – UFG
Objetivo: Pseudomonas aeruginosa é um dos principais patógenos que afetam pacientes hospitalizados, sendo intrinsecamente resistente a uma amplitude de antibióticos. Os objetivos da proposta é identificar P. aeruginosa associada à coinfecção com o vírus causador da COVID-19 e com vírus do painel viral em crianças de UTIs, estudando o perfil de resistência dos isolados e identificar compostos inibidores de P. aeruginosa e avaliar a citotoxicidade desses compostos.
15- Avaliação prospectiva do desenvolvimento da primeira infância (DPI) junto à estratégia saúde da família em Goiânia. COORDENADORA: Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da Costa – UFG.
Objetivo: No Estado de Goiás, há carência de avaliação e aplicação das políticas públicas voltadas ao DPI: Avaliação de Crescimento e Desenvolvimento (Programa CD) e Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC). Avaliar o desenvolvimento de crianças de zero a seis anos que fazem parte do programa Estratégia Saúde da Família, na Unidade de Atenção Básica de Saúde da Família (UABSF) do Bairro Estrela D’Alva, em Goiânia, Goiás.
16- Análise da qualidade de vida e de indicadores de saúde em pessoas vivendo com HIV na região do Sudoeste goiano. COORDENADOR: Luiz Fernando Gouvêa e Silva – Universidade Federal de Jataí.
Objetivo: Analisar as características sociodemográficas, clínicas, metabólicas, morfológicas, patológicas e nutricionais de pessoas vivendo com HIV, bem como a influência destes na qualidade de vida dos pacientes.
17- Avaliação do impacto da formação dos profissionais de Saúde no Estado de Goiás: um enfoque na integralidade. COORDENADORA: Patrícia Tavares dos Santos – UFG.
Objetivo: Avaliar o impacto das ações de Educação Permanente em Saúde ofertadas pela Superintendência da Escola de Saúde de Goiás, na perspectiva da integralidade e de seu impacto no trabalho. Os resultados proporcionarão um diagnóstico da Educação Permanente em Saúde no Estado de Goiás, na rede pública, que subsidiarão elementos para superação dos desafios da gestão, planejamento, execução e avaliação dos processos formativos, aumentando seu potencial de gerar impactos na consolidação do princípio da integralidade, e em ações de políticas públicas de Educação Permanente em Saúde.
18- Formulação mineral de baixo custo e reduzido impacto ambiental para controle do vetor da febre maculosa brasileira (Amblyomma sculptum). COORDENADOR: Ricardo Neves Marreto – UFG.
Objetivo: Otimizar as propriedades microestruturais da terra diatomácea e empregá-la como insumo no preparo de formulações ambientalmente seguras e efetivas contra larvas e ninfas de A.sculptum (carrapato-estrela).
19- Fatores genéticos e não genéticos relacionados à resposta imune dependente de vitamina D em pacientes com leishmaniose tegumentar americana provenientes de área rural. COORDENADOR: Rodrigo Saar Gomes – UFG
Objetivo: Investigar fatores não-genéticos e genéticos associados ao metabolismo da vitamina D que regulam o controle e/ou imunopatogenia da leishmaniose tegumentar americana (LTA). Como a LTA é predominantemente rural, em Goiás, o projeto fornecerá um conjunto de informações do impacto da vulnerabilidade social da população rural, bem como a variabilidade genética nesses indivíduos, que influenciam a doença e suportem o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas e políticas públicas para as leishmanioses.
20- Impacto da pandemia covid-19 e outras infecções transmissíveis em populações vulneráveis: epidemiologia, conhecimentos e significados. COORDENADORA: Sheila Araujo Teles – UFG.
Objetivo: Analisar a prevalência e fatores associados ao SARS-CoV-2, adesão às medidas de prevenção, conhecimentos e significados frente à pandemia COVID-19, bem como investigar as hepatites virais B e C, HIV e sífilis em grupos vulneráveis de Goiânia. A proposta é avaliar o impacto da pandemia do SARS-CoV-2 em população em situação de vulnerabilidade social desenvolvida em três eixos. A população-alvo será composta por catadores de material reciclável organizados em cooperativas, indivíduos em situação de rua, imigrantes estrangeiros e refugiados, pessoas LGBTQI, prostitutas e pessoas vivendo com HIV.
A FAPEG informa, adicionalmente, que os proponentes deverão acessar a plataforma OPP-FAPEG através do link http://www.fapeg.go.gov.br/oppfapeg/#/public/login e proceder os ajustes orçamentários indicados em suas propostas, caso necessário (apenas para propostas classificadas como “selecionadas com ajustes”). Dúvidas poderão ser encaminhadas através do e-mail atendimento.fapeg@goias.gov.br.