Alerta: nível de vazão do Rio Meia Ponte já está em estado de atenção
A vazão do Rio Meia Ponte, na altura da captação de água em Goiânia, já atingiu o nível de estado de atenção, ou seja, abaixo de 12 mil litros por segundo. Este ano, devido às chuvas irregulares, o período de estiagem chegou mais cedo no Estado. E principalmente no rio que abastece a Região Metropolitana da capital, os efeitos da seca praticamente se anteciparam dois meses, na comparação com 2020.
Foi o que disse o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), André Amorim. Ele foi entrevistado no programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM nesta terça-feira, 11. O gerente reforçou a necessidade de a população fazer o uso racional da água nesse período de estiagem, que costuma durar, em média, 100 dias.
Baixa umidade do ar
De acordo com André Amorim, tipicamente o mês de maio inaugura nosso período seco, que dessa vez começou “um pouquinho bem seco demais”, com uma umidade relativa do ar em torno de 25% a 30%. Ele ponderou que, “talvez o pessoal não se recorde”, mas houve no ano passado uma cheia no rio Meia Ponte que não se via há décadas, e isso ocorreu em torno do dia 20 de abril.
Demorou até que essa cheia se dissipasse, além da redução dos usos da Bacia do Meia Ponte naquele período devido à pandemia e ao trabalho de conscientização desenvolvido pela Semad. Juntos, esses fatores fizeram com que, no ano anterior, a vazão menor do rio fosse empurrada para quase dois meses à frente do que está hoje. “Então, nós estamos praticamente dois meses adiantados em relação ao ano passado”, disse sobre a situação atual.
Utilização irregular
O gerente salientou que a vazão do rio Meia Ponte é uma consequência das chuvas. Além disso, infelizmente, existe o problema de antropização (interferência da ação humana em ambientes naturais) dessa bacia hidrográfica ao longo dos anos, com muita pastagem e utilização irregular, o que acaba gerando uma consequência.
Ele informou que estava trabalhando na elaboração de um gráfico. E verificou que, nos últimos seis anos, as chuvas têm se mostrando bastante irregulares na Região Metropolitana. Nesse período, ponderou, se for feita uma comparação, há um déficit pluviométrico em relação à climatologia em torno de 1.300 milímetros. Como costuma chover 1.600 milímetros durante um ano, em seis anos foi perdido praticamente um ano de chuva, concluiu.
“A natureza é lenta para entender todo esse movimento”, ressaltou. Para André Amorim, infelizmente estamos numa baixa pluviométrica, com chuvas irregulares e abaixo da climatologia. E já começamos a ver os reflexos disso nos nossos mananciais. Segundo ele, temos uma situação onde todos devem se preocupar com a questão do uso racional dos recursos hídricos, e não somente o Governo do Estado.