Agricultura e meio ambiente caminham juntos, e queimadas prejudicam ambos

Ano após ano, no período da seca, a ocorrência de queimadas coloca Goiás em alerta devido ao risco que esse fenômeno representa ao nosso ecossistema, à saúde da população e à sustentabilidade da nossa agricultura.

Nas últimas semanas, esse cenário tem motivado a mobilização do Estado para o enfrentamento dos focos de incêndio, que tiveram aumento em Goiás e no Cerrado como um todo. No acumulado de 2024, a área queimada no nosso bioma, até o mês de agosto, teve um aumento de 85% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em Goiás, nesses oito meses, os incêndios atingiram 162,13 mil hectares, sendo que 60% deste valor é de área produtiva, o que corresponde a quase 102 mil hectares no estado.

Os impactos são fortemente sentidos no âmbito financeiro, com as queimadas acarretando em um custo total de R$ 710 milhões para a economia em Goiás, somente de janeiro a agosto de 2024. Até o final do ano, a estimativa é que os prejuízos cheguem à marca de R$ 1,5 bilhão, comprometendo 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.

A análise que leva a esses números considera os custos totais associados às queimadas, a partir da mensuração dos custos diretos relativos a estimativas da produção agropecuária, e dos custos intangíveis, considerando o valor da terra.

Ou seja, nota-se que as queimadas prejudicam os produtores agrícolas tanto diretamente, na forma de perda agrícola de culturas plantadas, quanto indiretamente, uma vez que afeta aspectos como a microbiota e a matéria orgânica dos terrenos, levando à perda de investimentos no preparo do solo, que tem seu perfil prejudicado.

Quanto aos focos de queimadas registrados nos meses de agosto e setembro e ao aumento referente aos mesmos, Goiás foi o estado menos afetado do Cerrado. Ainda assim, no entanto, estima-se um prejuízo de R$ 181,71 milhões nas colheitas goianas das culturas plantadas nesse período, que incluem feijão, cana-de-açúcar, milho, tomate, sorgo, batata inglesa e algodão.

Diante desse cenário, temos intensificado o monitoramento de incêndios em áreas agrícolas e as ações de combate ao fogo. As medidas incluem o decreto que declarou situação de emergência em 20 municípios goianos, autorizando a dispensa de licitação para aquisição de materiais e contratação de pessoal para o combate a incêndios em áreas não protegidas.

Também estamos trabalhando para combater e prevenir incêndios criminosos, por meio do projeto de lei que prevê a mobilização do efetivo das forças de segurança pública para autuar, indiciar e responsabilizar os infratores, além de criminalizar o ato de queimar florestas, matas e pastagens e lavouras durante a vigência de situação de emergência ambiental.

Além disso, temos promovido ações de educação, e disponibilizado todos os meios de comunicação para receber denúncias, além de promover o monitoramento em tempo real.

Somadas à pronta resposta da Defesa Civil, essas medidas garantem um cenário mais controlado no nosso Estado, mas que não dispensa a manutenção dos cuidados tomados até agora.

O Governo de Goiás continuará combatendo o fogo, conscientizando a respeito da importância de prevenir incêndios florestais e reforçando os estudos técnicos que demonstram as consequências dessas queimadas sobre o solo e o meio ambiente, a fim de garantir que os impactos sejam controlados, e que esse desafio seja superado da melhor maneira possível.

Pedro Leonardo Rezende

Pedro Leonardo Rezené de secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás