Goiás tem tido um olhar cada vez mais atento às práticas sustentáveis no setor agropecuário, visando à consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono, seguindo o tripé da sustentabilidade: ambiental, econômico e social. Neste ano, por exemplo, foi instituído o Plano Estadual de Gestão da Agropecuária de Baixo Carbono e Sustentável (ABCS), no escopo do ABC + Federal. Os Bioinsumos, a Bioeconomia e os Pagamentos por Serviços Ambientais estão no ABCS, além de temas como extrativismo de baixo impacto no Cerrado, outras formas de agricultura, caso da hidropônica, entre outros. Recentemente, também, a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e a Agricultura de Precisão foram reconhecidos pelo Koronovia Joint Work como referência de produção e conservação.
Esses são exemplos que integram a produção sustentável aliada à conservação dos biomas. E o setor florestal já vai na dianteira desse soft power exercido pela agricultura nacional. A ordem tem sido produzir mais, em menores áreas, manter ambientes nativos intocados e recuperar outros degradados.
No Brasil, dos nove milhões de hectares de florestas plantadas, 7,4 milhões são certificados pelo FSC, sigla em inglês para a palavra Forest Stewardship Council. O selo garante que o papel, que vai em quase toda embalagem, sofre rígidas auditorias trabalhistas, sociais e ambientais. Essas indústrias de celulose e papel são co-geradoras autossuficientes. A bioenergia da madeira, que é usada no ferro-gusa (chamado fora de ‘ferro verde’), indústrias de alimento e na construção civil é uma fonte intermitente, ao contrário de hidrelétricas e eólicas.
O setor naturalmente só existe com sustentabilidade e planejamento em longo prazo. Populações tradicionais e grandes empresas usam metodologias específicas para extrativismo de produtos que ainda não conseguimos produzir de forma agronômica.
O Brasil é um dos maiores geradores de tecnologia na cadeia primária. Para o setor florestal, Goiás tem seu lugar: aqui desenvolvemos a melhor tecnologia de seringais com a maior produtividade mundial. As características do setor, da forma de produzir, do nível de produtividade, variedade de produtos e conhecimentos necessários refletem sobre o profissional que surgiu para gestá-lo.
O engenheiro florestal congrega os conhecimentos em estatística, biologia e química que são indissociáveis para a conservação e manejo de áreas nativas ou a produção florestal. É necessária uma visão holística sobre o ecossistema e as cadeias produtivas.
Na versão mais recente da série documental “Cosmos”, Neil deGrasse expõe que para a humanidade consolidar sua colonização pelo espaço, ela precisará sempre de um porto seguro para onde voltar: é o nosso próprio planeta Terra, que precisa produzir, mas ser preservado. Na engenharia florestal, esse modus operandi está enraizado. Para nós é inerente que os processos produtivos sejam contínuos, replicáveis, e que permitam o aumento quali-quantitativo de áreas nativas intocadas, aliado à recuperação daquelas que necessitam.
Assim como o setor, o profissional precisa ser mais valorizado. Isso é ganho para a sociedade. Portanto, para o futuro do planeta, neste dia 12 de julho, feliz dia engenheiras e engenheiros florestais!
(Artigo publicado originalmente no jornal Diário da Manhã, em 12 de julho de 2021).