Curta que retrata Goiás colonial estreia em Goiânia

Animação 2D, totalmente feita à mão, conta com patrocínio do FAC e será exibida na mostra ‘O Amor, a Morte e as Paixões’ na próxima terça-feira (25/02) (Arte: Divulgação)

O curta-metragem de animação Balada para Raposo Tenório, realizado com apoio do Governo de Goiás, por meio do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás (FAC) – programa gerenciado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás) –, chega à 16ª edição da Mostra de Cinema O Amor, a Morte e as Paixões. A exibição do filme ocorre na próxima terça-feira (25/02), em uma sessão de curtas goianos.

Os ingressos podem ser adquiridos no site do Cinex.

Produzida pela Animatriz Studio e dirigida e roteirizada por Samuel Peregrino, a obra remete a um episódio real da história de Goiás e Tocantins: o ataque dos indígenas Xerentes a faiscadores de ouro no extinto arraial de Bom Jesus do Pontal, em 1850. A animação 2D foi totalmente feita à mão, sem o uso de inteligência artificial, e durante a pandemia, conforme relembra Rildo Farias, diretor de animação da Animatriz Studio.

“Foi um desafio gigantesco, mas também um exercício de resistência e paixão pelo ofício. Ter a colaboração dos alunos da Faculdade de Artes Visuais da UFG nesse processo deu à produção uma energia renovadora, como se estivéssemos não apenas recriando o passado no traço de cada frame, mas também formando os animadores do futuro”, acrescenta Farias.

Curta que retrata Goiás colonial, “Balada para Raposo Tenório” estreia em Goiânia
Produção do curta contou com pesquisa aprofundada, e inclui obras como Bom Jesus do Pontal, de Eli Brasiliense, e História de Goiás, de Luís Moraes Palacin e Maria Augusta Santana (Arte: Divulgação)

Com uma estética visual detalhada e inspirada na tradição dos filmes western e de suspense, Balada para Raposo Tenório transporta o espectador para um Brasil colonial pouco retratado no cinema. A fim de garantir rigor histórico, a produção contou com uma pesquisa aprofundada, que inclui obras como Bom Jesus do Pontal, de Eli Brasiliense, e História de Goiás, de Luís Moraes Palacin e Maria Augusta Santana.

“O filme não se propõe a ser um porta-voz de qualquer posição, mas sim a mergulhar nos relatos e nas tensões [entre nativos e garimpeiros] da época, reconstruindo um pedaço dessa realidade esquecida sem as idealizações comuns. Quis explorar o olhar daqueles que estavam à margem da história oficial e trazer à tona um Brasil moldado pelo conflito e pela disputa de território,” afirma Samuel Peregrino.

Além de apresentar um capítulo ignorado da história, o filme também aborda a questão ecológica ao retratar os impactos da mineração na região e o embate entre colonizadores e povos originários. Sem romantizar os fatos, Balada para Raposo Tenório traz um olhar crítico sobre os conflitos que moldaram o Brasil.

Já selecionado para festivais internacionais, como o First-Time Filmmaker Sessions (Reino Unido) e o Moonlight Short Film Fest (Itália), onde recebeu menção honrosa, o curta agora ganha espaço na programação da Mostra O Amor, a Morte e as Paixões, consolidando sua relevância no cenário do cinema nacional.

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