Fapeg fomenta pesquisa para melhoramento genético da cannabis medicinal

Mudas de Cannabis sativa cultivadas em ambiente protegido no projeto de melhoramento genético para uso medicinal, desenvolvido UFG com apoio da Fapeg. Pesquisa visa aprimorar variedades da planta e otimizar técnicas de cultivo (Foto: Divulgação Fapeg)

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) está apoiando um projeto inovador que visa o melhoramento genético da Cannabis sativa para uso medicinal. A pesquisa, desenvolvida pela Universidade Federal de Goiás (UFG), tem como objetivo aprimorar variedades da planta, melhorando a qualidade dos extratos e desenvolvendo técnicas de cultivo protegido, essenciais para garantir a eficiência e viabilidade dos produtores.

O projeto foi selecionado por meio de edital da Fapeg e será concluído em abril de 2025, com um investimento de R$ 149.600,00.

Cannabis medicinal

Coordenado pela professora Patrícia Guimarães Santos Melo, da Escola de Agronomia da UFG, o estudo busca solucionar questões ligadas à caracterização do material genético e ao desenvolvimento de plantas mais adaptadas ao ambiente protegido.

“O apoio da Fapeg é fundamental para pesquisas com a cannabis medicinal, especialmente em um cenário no qual o cultivo da planta ainda enfrenta desafios e preconceitos”, destaca Patrícia.

O projeto também envolve a parceria com a Associação Brasileira de Tratamento e Apoio à Pesquisa da Cannabis Medicinal Curando Ivo, que possui autorização para o cultivo. O foco inicial é a caracterização do germoplasma da associação e a seleção de genótipos promissores para cultivo pelas associações autorizadas. A médio e longo prazo, os pesquisadores esperam desenvolver variedades que ofereçam aos produtores maior produtividade, resistência a doenças e qualidade superior do extrato.

Pioneirismo no Brasil

A iniciativa é vista como uma oportunidade de posicionar Goiás como referência nacional no uso medicinal da cannabis. Para Cláudio Leles, diretor científico da Fapeg, o projeto tem um grande potencial de impacto técnico-científico e social. “Esse estudo pode transformar o cenário da produção de cannabis medicinal no Brasil, gerando inovação, intercâmbio entre produtores e técnicos, além de promover o fomento a novas pesquisas”, ressalta.

Para Leles, além de proporcionar inovação tecnológica, a pesquisa permitirá o desenvolvimento de soluções agrícolas que otimizem o cultivo, gerando benefícios não apenas para a área da saúde, mas também para a economia.

Outro ponto importante levantado pela professora Patrícia Melo é a falta de pesquisas na área de ciências agrárias relacionadas à cannabis no Brasil, algo que o projeto pretende suprir. “O estudo permitirá que sejam elucidadas questões fitotécnicas essenciais para o desenvolvimento de novas variedades e manejo da planta, promovendo conhecimento que poderá ser aplicado tanto no cultivo quanto na produção de medicamentos”, afirma Patrícia.

Com a implementação do programa de melhoramento genético, o projeto poderá atender às demandas da área da saúde e tornar o uso medicinal da cannabis mais acessível no Brasil, contribuindo para sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS). A professora enfatiza que a ampliação desse conhecimento é vital para garantir que mais brasileiros tenham acesso a tratamentos eficazes e acessíveis.

“O uso medicinal da cannabis tem um potencial transformador e pode melhorar significativamente a qualidade de vida de muitas pessoas, especialmente aquelas que dependem de medicamentos para tratamentos crônicos”, acrescenta Patrícia.

Além do impacto na saúde, o projeto visa fortalecer a formação de profissionais qualificados na área de melhoramento genético de plantas. A pesquisa já envolve alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorado, contribuindo para a capacitação técnica e científica em Goiás.

O desenvolvimento de técnicas de propagação da cannabis, seja por meio de sementes ou mudas, também é uma prioridade do projeto, com o objetivo de superar desafios enfrentados pelas associações na reprodução da planta.