Reabilitação no Crer vai além do aspecto físico

O Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) – referência nacional e internacional no atendimento a pessoas com deficiências físicas, auditivas, visuais e intelectuais – faz do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência uma rotina.
A data, celebrada nesta quarta-feira (03/12), foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), para promover conscientização e ações de inclusão.
Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência – 7,3% da população. Em Goiás, 16% dos domicílios têm pelo menos um morador com deficiência.
Os números reforçam a urgência de um ambiente social preparado para garantir independência e direitos – e a reabilitação é uma das ferramentas mais importantes para se alcançar esse objetivo.
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência não é apenas uma data para celebrar os avanços, mas um apelo para reconhecer as necessidades e o potencial de 7,3% da população. A história de cada paciente e profissional do Crer reflete a própria complexidade da reabilitação.
Na instituição, a autonomia e inclusão são construídas por diferentes perspectivas que se complementam:
- Olhar clínico;
- Olhar funcional;
- Olhar social;
- Experiência real de quem vive o processo, mas a inclusão plena começa na comunidade, com a eliminação das barreiras atitudinais.
A médica fisiatra da unidade do Governo de Goiás, Caroline Borges explica que a reabilitação é um processo contínuo, que acompanha a pessoa em todas as fases da vida.
“O objetivo é sempre devolver o máximo de função possível ao paciente”. Para a terapeuta ocupacional Giovana Mendes, o foco é sempre a independência modificada, que começa em detalhes. “As adaptações mais impactantes são as de higiene: escovar os dentes sozinho é uma das principais conquistas de quem está iniciando o processo de readaptação”.
Desafios do Crer
Apesar do treinamento intensivo dentro da instituição, onde pacientes conseguem se locomover e se integrar em atividades como equoterapia e esporte adaptado, o obstáculo mais difícil é o social. A paciente Adrielly Jacinto evidencia o medo da reação alheia.
“Eu não saía de casa por conta desses olhares das pessoas. Elas não olhavam para o meu rosto, olhavam para minha órtese. Aqueles olhares delas nas minhas órteses machucam.”
A assistente social do Crer, Niula Passos, que também é pessoa com deficiência física e paciente da instituição, define a questão como invisibilidade social.
“Se a gente não enxerga a pessoa com deficiência, a gente não propõe estruturas para que ela consiga atuar de forma plena. Aqui no Crer ela toca a cadeira de rodas sozinha, sem cuidador, porque temos acessibilidade. Mas lá fora, existem calçadas quebradas, rampas inexistentes. O primeiro passo para a inclusão é enxergar.”
Outro trabalho fundamental do Crer superar a crença de que a vida acabou após uma lesão ou diagnóstico. Esse trabalho é feito pelo Serviço Social da unidade.
“O papel da instituição é adaptar condições para que ele continue exercendo seu papel na sociedade,” afirma Niula.
O Crer tem também como foco de atuação, em parceria com o Fórum de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS (Fimtpoder), o Emprego Apoiado. Esta metodologia busca a inclusão sustentável, focando nos talentos da pessoa e na necessidade de apoio, visando não apenas cumprir a Lei de Cotas, que exige de 2% a 5% de vagas para PCD em empresas com mais de 100 funcionários, mas garantir a plena capacidade produtiva.
Direitos essenciais
A unidade atua ainda na orientação sobre direitos essenciais para pacientes, como:
- CadÚnico;
- Cartão de estacionamento;
- Passaportes (municipal, intermunicipal, interestadual);
- ID Jovem e outros que podem ser emitidos no Dia C da Cidadania – ação recorrente voltada para o exercício pleno da cidadania dos usuários do hospital.
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