Vinícola da UnU Ipameri atende produtores de sete municípios

A UEG quer utilizar a coleção nas atividades letivas de Agronomia, para o desenvolvimento de pesquisas, bem como a continuidade de programas de extensão rural, fomentando o cultivo regional (Fotos: UEG)

Em funcionamento desde agosto de 2020, a Vinícola da Unidade Universitária de Ipameri da Universidade Estadual de Goiás (UEG), já processou cerca de oito mil garrafas de vinho com uvas provenientes de oito produtores dos municípios de Nazário, Ipameri, Nova Aurora, Jaraguá, Goianésia, Corumbá e Cocalzinho de Goiás.

Segundo o coordenador do projeto de extensão em Viticultura e professor do curso de Agronomia da UnU Ipameri, Roberto José Freitas, o objetivo da UEG é utilizar esta coleção para utilização nas atividades letivas de graduação em Agronomia, para o desenvolvimento de pesquisas, bem como a continuidade de programas de extensão rural, fomentando o cultivo regional, especialmente como alternativa rentável para agricultura familiar. “Ressaltamos que a viticultura apresenta momento de expansão em Goiás, com alta demanda pelos cursos de produção, bem como por expectativa muito positiva com o início da operação da vinícola”, destaca.

Roberto diz que está em conversação com o chefe Embrapa Cerrados, para um tripé UEG, Embrapa Cerrados, Embrapa Uva e Vinho para um possível convênio que vai proporcionar apoio técnico nos processos de produção e industrialização de uvas, com a perspectiva de se tornar um polo de referência técnica na viticultura de Goiás.

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São produzidas uvas comuns para mesa, suco e vinho de mesa; uvas finas de mesa sem sementes; uvas finas de mesa com sementes e uvas finas para vinho. Atualmente, são 55 variedades para vinho finos (Foto: UEG)

O início

O professor Roberto Freitas explica que tudo começou em 2011, quando a UnU Ipameri, por meio do curso de Agronomia, introduziu diferentes cultivares de uva para estudo do comportamento no Cerrado.

Roberto diz que o clima do Cerrado, especialmente nas regiões de altitude, como o de Ipameri (de 750 a 100m acima do nível do mar), alternando verão quente e úmido com inverno seco e temperaturas amenas, apresenta condições excepcionais para a produção de uvas de qualidade. “Nesta condição, a realização de podas de verão-outono (fevereiro a abril), gera frutificação para maturação em situação de clima com baixa umidade do ar, temperaturas diurnas altas e baixas temperaturas noturnas (junho a setembro), similares às melhores regiões produtoras do mundo, originando frutos de ótimo padrão”, salienta.

Estão sendo produzidas uvas comuns para mesa, suco e vinho de mesa (Niágara, Isabel, Cora, Bordô, Carmen, Margot, Lorena, Moscato Embrapa e Rubea ); uvas finas de mesa sem sementes (Clara, Morena, Linda,  Tompson, Crimson e Vênus); uvas finas de mesa com sementes (Itália, Benitaka, Rubi, Red Globe, Brasil e Benifuji) e uvas finas para vinho (Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Pinot Noir, Carmenere, Tempranilo, Syrah, Cabernet Franc, Chardonay, Gewurztraminer e Sauvignon Blanc). Atualmente, são 55 variedades para vinho fino.

O coordenador do projeto diz que nas produções iniciais já se constatou o potencial de produção tanto quantitativo como qualitativo da produção local, entretanto, observou-se algumas dificuldades relativas ao manejo de brotação e de frutificação em algumas cultivares, demandando pesquisas para consolidar sistemas de produção específicos. “As conclusões iniciais levaram ao plantio na UEG Ipameri de área de produção comercial de um hectare de uvas para suco e vinho”, diz.

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Em 2017, a partir da evolução dos plantios, foi criado um projeto de extensão com oferta de curso de produção de uvas para agricultores familiares, já tendo sido qualificados mais de 120 produtores. Nesse programa participam ainda um grupo de quatro alunos bolsistas e quatro alunos voluntários.

A instalação da vinícola, com capacidade para produção de 80 mil litros de suco e vinho, foi possível, segundo Roberto Freitas, graças a um convênio estabelecido com o Ministério da Ciência e Tecnologia, que teve como objetivo o processamento industrial da produção da UEG e também prestação de serviços aos viticultores iniciantes, funcionando como uma incubadora da industrialização de uvas em Goiás.