Jovem de 13 anos passa por cirurgia craniofacial inédita em Goiás

Procedimento cirúrgico foi o primeiro realizado na história da rede pública de saúde de Goiás (Foto: Alex Maia | Idtech)

O Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi – HGG realizou, no último sábado (10/05), a primeira cirurgia de remodelação de ossos cranianos da história da rede pública de saúde de Goiás. A paciente, uma jovem de 13 anos, recupera-se bem e já está em um leito de enfermaria.

A adolescente nasceu com craniossinostose, uma anormalidade congênita que causa malformação no formato do crânio.

O procedimento foi realizado pela médica Vera Lucia Nocchi Cardim, especialista em cirurgia plástica e cirurgia craniofacial. Com atuação em São Paulo, a médica e sua equipe estiveram em Goiânia para realizar a operação, considerada rara e complexa.

Cirurgia craniofacial

A médica explica que o procedimento é feito em duas etapas. Neste primeiro momento, foram feitas expansões ósseas com molas para modelar o crânio. Em uma segunda cirurgia, que deve acontecer em seis meses, serão retiradas estas molas.

“O procedimento que realizamos não é comum, porque essa jovem já está no estágio final de desenvolvimento de seu corpo. Para esta cirurgia realizamos osteotomias dinâmicas, técnicas cirúrgicas que visam corrigir desalinhamentos ósseos. Por conta da má formação, esta paciente possuía os olhos desalinhados, o que poderia trazer sérios riscos à visão”, disse.

Atualmente, este procedimento para esta faixa etária não é ofertado pelo SUS, justamente pela falta de profissionais capacitados para realizar a cirurgia em jovens. A paciente que será submetida ao procedimento é moradora da cidade de Goianésia. A mãe da jovem, Roseane Silva, afirma que foi um alívio conseguir operar sua filha em Goiás.

“A gente sabia que poderia operar em São Paulo, mas nós não tínhamos condições. Quando a Drª Vera nos falou que a gente conseguiria fazer a cirurgia aqui em Goiânia foi uma alegria imensa. Eu acompanhei a cirurgia na sala de espera do centro cirúrgico e sempre alguém vinha me contar que tudo tava indo bem, o que foi me tranquilizando. Deu tudo certo e em breve vamos poder voltar pra casa”, contou.

O procedimento foi acompanhado pelo Serviço de Cirurgia Plástica do HGG. O chefe do Serviço, o médico Sérgio Augusto da Conceição afirma que a unidade aproveitou a presença da médica Vera Cardim para promover uma conferência sobre cirurgia craniofacial.

“Transmitimos a cirurgia ao vivo e fizemos deste momento uma aula para os nossos residentes, para a equipe da Cirurgia Plástica do hospital e todos os profissionais interessados”, afirmou.

Equipe de médicos do HGG
Equipe de médicos que realizou a cirugia craniofacial no HGG (Foto: Alex Maia/ Idetch)

Craniossinostose?

A craniossinostose é provocada pelo fechamento precoce de suturas cranianas, responsáveis pelo crescimento dos ossos do crânio. As causas são diversas, podendo ocorrer por força mecânica (ambiente uterino), distúrbios metabólicos e, na maioria das vezes, por alterações genéticas, o que não implica necessariamente ter alguém na família com a mesma característica.

A maioria dos casos de craniossinostose se manifesta na forma isolada e, quando associada a outras características, pode representar síndromes genéticas, o que corresponde a 15% dos casos. Existem quatro tipos principais de craniossinostoses na forma isolada, dependendo da sutura craniana afetada. São elas: escafocefalia, plagiocefalia anterior, trigonocefalia e braquicefalia.

Já a forma sindrômica é aquela em que a criança nasce com craniossinostose associada a outras características. As síndromes de Apert, Crouzon, Muenke, Pfeiffer e Saethre-Chotzen são os exemplos mais comuns de síndromes genéticas associadas à craniossinostose.
Essa condição congênita, portanto, pode trazer diferentes tipos de comprometimentos aos indivíduos, conforme cada caso.

Serviço de Cirurgia Plástica do HGG

Destaque em cirurgias plásticas pelo SUS, o HGG é responsável por procedimentos em pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica, para remoção do excesso de pele, e em pacientes do Serviço Transexualizador, para retirada das mamas para homens trans ou colocação de próteses mamárias para mulheres trans, vítimas de grandes traumas, portadores de xeroderma pigmentoso, portadores de Síndrome de Fournier e microcirurgias.

Além disso, o Serviço de Cirurgia Plástica do HGG é reconhecido pelo papel social que desenvolve junto à comunidade. O hospital oferta, por exemplo, cirurgias plásticas para pessoas que sofreram violência doméstica.

Além de ofertar um serviço de qualidade aos usuários do SUS, o HGG também é destaque na Residência Médica em Cirurgia Plástica. Desde 2000, quando o hospital passou a ofertar esta residência, foram 32 médicos formados nesta especialidade. Atualmente, cinco médicos realizam a Residência em Cirurgia Plástica no HGG, dois deles concluem a especialização este ano.

Saiba mais

HGG realiza cirurgia craniofacial inédita em Goiás

Legenda: