Caiado e setor sucroenergético discutem alternativas ao tarifaço

Caiado realiza quinta reunião com representantes do setor produtivo (Foto: Wesley Costa)

O governador Ronaldo Caiado, na manhã de quarta-feira (24/07), comandou a quinta reunião com o setor produtivo, desta vez com representantes da cadeia sucroenergética para discutir soluções alternativas que protejam a economia goiana dos impactos da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos da América (EUA), o tarifaço.

Na ocasião, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, destacou a liderança goiana na produção de açúcar orgânico. “Goiás é o maior produtor nacional de açúcar orgânico. Produzimos esse açúcar especial que começou lá na Jales Machado, em Goianésia, e também é feito em Goiatuba, pela Goiasa”.

Representando a companhia Jales Machado, o empresário Henrique Pena explicou que, somando a nova tarifa de 50% aos já existentes US$ 357 por tonelada, o açúcar orgânico brasileiro passará a pagar 98% em tributos para entrar nos EUA, enquanto concorrentes como a Colômbia devem pagar 58% — ou até menos, em casos de acordos bilaterais.

“Devemos perder mais ou menos aí 40% da demanda que a gente exporta anualmente para os Estados Unidos”, concluiu.

Articulação com setor produtivo

Desde a última quarta-feira (23/07), o Governo de Goiás tem se articulado com o setor produtivo em busca de alternativas. Em uma série de reuniões, já foram também ouvidas as demandas de representantes dos segmentos de saúde, mineração, soja, cítrico e agroindustrial.

Articulação com setor produtivo busca blindar economia goiana de tarifaço americano

Caiado abre diálogo com setores da saúde e agronegócio para mitigar efeitos do tarifaço dos EUA

O Estado também fez uma solicitação ao atual presidente do Fórum Nacional de Governadores, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, para a realização de uma reunião do colegiado.

Goiás sai na frente

Goiás foi o primeiro estado brasileiro a anunciar medidas emergenciais para mitigar os impactos da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos.

Caiado se antecipa e anuncia medidas em auxílio a empresas afetadas pelo tarifaço

O Fundo de Equalização do Empreendedor (Fundeq) oferece subsídios para o pagamento de encargos em operações de crédito. Já o Fundo Creditório possibilitará a abertura de uma nova linha de crédito, a partir de créditos de ICMS, com expectativa de disponibilizar R$ 628 milhões em recursos.

O governador goiano alertou que uma eventual retaliação brasileira, defendida por setores do governo federal, pode agravar ainda mais o cenário. “Se nós aplicarmos a reciprocidade, ainda vai piorar mais a vida dos brasileiros. O presidente está blefando”, criticou.

Caiado enfatizou os riscos humanitários de incluir o setor de saúde nas sanções. “Solicitei que a saúde fosse excluída, até por uma questão humanitária”, disse, apontando que muitos insumos e equipamentos hospitalares vêm dos Estados Unidos.

Consequência para Goiás

Em Goiás, devem ser especialmente afetadas as produções de carne, couro, minérios, citricultura, açúcar orgânico e tilápia.

“As consequências vão repercutir principalmente na cadeia de carnes. A arroba, que chegou a R$ 320, caiu para R$ 270. Isso afeta confinadores, produtores de ração e toda a cadeia de comercialização”, disse Caiado. E completou: “Tudo isso atinge a vida das pessoas. São mais de 380 milhões de dólares da economia goiana ameaçados”, afirmou.

Caiado cobra reação do governo federal

A dificuldade de o governo federal negociar uma saída diante da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos foi alvo de críticas do governador Ronaldo Caiado, durante entrevista ao vivo à rede CNN, nesta quinta-feira (24/07). Segundo Caiado, a União tem ignorado as consequências para os estados e municípios da tarifa de 50% imposta pelos EUA aos produtos brasileiros com início previsto para agosto.

Caiado ressaltou que países como Japão, Indonésia e o bloco da União Europeia já conseguiram renegociar suas condições comerciais, enquanto o Brasil segue inerte, a apenas oito dias de a taxa entrar em vigor, em 1º de agosto.

O governador deixou claro que é “100% contrário ao tarifaço” e revelou que a crise o levou a antecipar sua volta ao Brasil, interrompendo uma missão oficial no Japão.