Pesquisadores apoiados pelo Governo de Goiás realizam evento sobre nanotecnologia

Durante o evento, os palestrantes discutirão o uso de nanopartículas diversas com o intuito de avaliar aspectos de nanotoxicologia e sua ação sobre a saúde animal e vegetal, por meio da indicação de alterações patológicas celulares e teciduais (Foto: Fapeg)

Começa no próximo dia 3, o Laboratório de Comportamento Celular Talk (LCC Talk), um ciclo de palestras e debates com a proposta de discutir temáticas atuais envolvendo a nanotecnologia, suas aplicabilidades, impactos e desafios. As palestras acontecerão ainda nos dias 7, 10 e 14 de outubro.

Com uma abordagem interdisciplinar, pesquisadores das áreas de bioengenharia, química, farmácia, biologia, ecologia e medicina de várias instituições e estados, vão somar esforços em suas atividades para que possam discutir diagnósticos de patologias desencadeadas por nanopartículas internalizadas no corpo humano/animal/planta. As inscrições estarão abertas a partir do dia 30 de setembro no https://www.even3.com.br/lcc-talk-278793. Os inscritos receberão o link de acesso ao evento que será transmitido via Google Meet.

O evento é uma iniciativa dos pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), que em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), interior de São Paulo, desenvolvem um projeto científico colaborativo selecionado pela Chamada Pública 04/2019 realizada em parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), lançada com o objetivo estreitar a colaboração em pesquisa entre os dois Estados e contribuir para o avanço no conhecimento científico e tecnológico em Goiás e São Paulo, e no Brasil. A equipe de pesquisadores tem como coordenadoras as professoras Simone Maria Teixeira de Sabóia-Morais, do Instituto de Ciências Biológicas da UFG e Marisa Narciso Fernandes, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFSCar.

O LCC Talk conta com apoio do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), que faz parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Nanotecnologia

“Mundialmente grande quantidade de recursos, via financiamentos públicos e privados estão sendo investidos em nanotecnologia, mas muito pouco se sabe sobre como seus produtos e subprodutos podem interferir tanto nos usuários finais quanto nas pessoas envolvidas em sua fabricação. Cenários semelhantes já são amplamente conhecidos na história da ciência, como a exploração da radioatividade ou a polêmica questão dos organismos geneticamente modificados. Como as nanopartículas são produzidas? Como elas são disseminadas? Isso é feito de forma quase controlável? O que acarretam ao meio ambiente e aos organismos? Todos esses questionamentos, constituem uma preocupação crescente e são questões que envolvem a saúde humana/animal/planta”.

A análise é da professora Simone Maria Teixeira de Sabóia-Morais, do Departamento de Morfologia da UFG, organizadora do evento, coordenadora – pelo Estado de Goiás – do projeto de pesquisa e palestrante que fará a abertura do evento e da Semana 1, a partir das 9 horas. Em seguida, a palestra ficará a cargo do dr. Diego Martinez, do LNNANO/CNPEM, sobre “Grafenos funcionalizados: interações com biossistemas e ecotoxicidade.”

Durante os quatro dias do evento, os palestrantes discutirão o uso de nanopartículas diversas,com o intuito de avaliar aspectos de nanotoxicologia e sua ação sobre a saúde animal por meio da indicação de alterações patológicas celulares e teciduais. Segundo Simone Sabóia, a ideia é que “sejam indicados os impactos ambientais causados e sejam propostas alternativas de minimização ou mitigação, dentre elas os processos de remediação ambiental”.

Participarão do evento, pesquisadores de áreas distintas que usam modelos para síntese, caracterização e viabilidade de nanopartículas considerando os mecanismos de toxicidade por meio de biomarcadores moleculares, bioquímicos, celulares, teciduais e sistêmicos, que permitem indicar riscos ambientais e influências sobre a biodiversidade animal e a conservação das espécies.

Chamada Fapeg/Fapesp

O projeto de pesquisa do acordo colaborativo será concluído em novembro de 2023. Intitulado “Múltiplos biomarcadores celulares e teciduais em guppy (Poecilia reticulata) expostos por longo período a nanopartículas metálicas associadas a glifosato (GLY), microscistina-LR (MicLR) e cilindrospermopsina (CYN)”, os pesquisadores estão investigando os altos índices de nitrogênio e fósforo resultantes do emprego excessivo de agrotóxico à base de glifosato, que promovem a proliferação exacerbada de microalgas que por sua vez, sintetizam e secretam substâncias naturais consideradas toxinas. A pesquisadora explica que, “estas substâncias ao entrarem em desequilíbrio deixam as águas impróprias para o consumo e para a sobrevivência da fauna aquática”. Os pesquisadores estão buscando meios eficazes para a manutenção aquática e estão considerando a possibilidade de aplicação da nanotecnologia, utilizando as nanopartículas metálicas (NPM), principalmente as férricas, para tentar fazer esta remediação ambiental, utilizando-as como agentes captadores de moléculas de glifosato e de toxinas aquáticas, a microcistina-LR (Mic-LR) e a cilindrospermopsina (CYN) para verificar a eficácia das NPMs funcionalizadas na associação às moléculas.

A professora explica que para investigar a ação destas nanopartículas associadas a substâncias tóxicas, peixes considerados modelos para análises toxicológicas, os guppies serão os biomarcadores e serão analisados em brânquias e fígado. Os guppies (P. reticulata) serão expostos por 21 dias às substâncias associadas às NPMs e por período igual de recuperação. “Esperamos avaliar a aplicação das NPMs para propô-las como elemento inovador a ser usado na melhoria da qualidade da água, desde que isso promova condições saudáveis para seres aquáticos”, ressalta a pesquisadora.

Fomento

Simone Sabóia declara que os fomentos para as pesquisas são essenciais. “Com eles avançamos em áreas de fronteira como é a Nanotecnologia. No entanto, nosso aprendizado, por exemplo, com o uso da radioatividade indica que o avanço científico deve ser realizado com cuidados, para que os impactos à fauna, à flora, bem como à saúde humana não causem mais prejuízos que benefícios. Assim, as entidades financiadoras atentas e responsáveis como a Fapeg são o esteio dos pesquisadores, permitindo que a ciência caminhe, trazendo inovação aliada a segurança e bem-estar aos seres vivos, entre eles os seres humanos”, afirma a pesquisadora. Ela destaca ainda a importância desse tipo de fomento para a ampliação da produção científica e para a formação de recursos humanos altamente qualificados.