Seduc lança Livro de Receitas com participação de merendeiras e estudantes

Gerente de Alimentação Escolar, Terezilda Luiz da Silva, o gestor do Cepi Dom Abel Su, Wanderson Barbosa, as merendeiras Suemi de Medeiros e Lucimar Alecrim, e uma das nutricionista da Seduc/GO, Rafaelly Pereira

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) lançou o Livro de Receitas- Alimentação Escolar do Estado de Goiás neste mês de agosto. O livro foi idealizado em 2022 como forma de valorizar o trabalho das merendeiras da rede pública estadual de Goiás e de reunir as receitas criadas nas escolas estaduais, como forma de compartilhar as boas ideias de um lugar com outro.

Na região de Uruaçu, norte de Goiás, as merendeiras Aparecida, Marly e Ana Paula cozinham um delicioso prato de Berinjela no Forno, no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Alfredo Nasser. Enquanto isso, em Quirinópolis, no sul do estado, a merendeira Rosa Arlete prepara uma Chica Doida, tradicional prato do estado, no Cepi Independência.

De acordo com a secretária da Educação de Goiás, Fátima Gavioli, a coletânea é uma excelente oportunidade de proporcionar às merendeiras o compartilhamento de suas receitas e seus conhecimentos, havendo uma maior valorização de seu trabalho.

A gerente de Alimentação Escolar da Seduc/GO, Terezilda Luiz, reforça a fala abordando que a ideia do livro é, principalmente, trazer sugestões de preparações que as escolas possam ir conhecendo e, à medida que forem tendo viabilidade, possam inserir no cardápio para melhorar, inclusive, a atratividade e aceitação dos alunos.

Para Terezilda, a principal diferença deste livro de receitas em relação a um convencional e comercial, se refere aos cuidados nutricionais que estabelecem a qualidade e valor de cada prato presente no livro. Ela explica que para merenda escolar há uma normativa bem delimitada que rege o programa.

“Pelo público e o propósito dessa obra, não há possibilidades de se colocar receitas apenas por serem boas. É preciso que estas atendam ao que dizem as resoluções, as normativas do PNAE”, aponta Terezilda.

Livro de Receitas

Por isso, o Livro de Receitas da Seduc foi elaborado, também, em parceria com os nutricionistas da rede, que fizeram o trabalho de buscar as receitas reunidas pelas coordenações regionais de Educação (CREs) que atendessem ao programa e organizar os valores nutricionais de cada prato ensinado. Atualmente, o livro está sendo distribuído para todas as escolas da rede estadual da Educação.

“Nós solicitamos às unidades escolares, às CREs, que, se caso houvesse merendeiras com interesse em compartilhar receitas, mandassem para a gente colocar no livro”, afirmou um dos nutricionistas.

Bobó Supremo de Linguiça do Dom Susu

A merendeira Suemi de Medeiros trabalha no Cepi Dom Abel Setor Universitário, em Goiânia, há 20 anos e ama inovar em suas receitas, com formas alternativas de cozinhar pratos para agradar aos 324 alunos da unidade em que trabalha.

Em uma dessas buscas pela Internet, a merendeira encontrou uma versão de Bobó de Camarão mais econômica e viável de se preparar: o Bobó de Linguiça.

Então, ao preparar em sua casa a receita, viu que era gostoso e comentou com Jane Betier, coordenadora administrativa e financeira (Caf) do colégio, que sugeriu de incluírem o prato em um almoço dos estudantes para saber se aprovavam.

Segundo Suemi, “teve 100% de aceitação, eles amaram. Então, a gente começou a incluir no cardápio do almoço”. Assim, surgiu o famoso Bobó Supremo de Linguiça Dom Susu, o carro-chefe do Dom Abel SU. Criatividade no nome dos pratos do livro de receitas é um requinte dos colaboradores muito presente em cada título.

Servido com um acompanhamento de arroz, feijão de caldo e salada de legumes frios, o prato é bem nutritivo. Para a merendeira, uma alimentação de qualidade é de extrema importância no ambiente escolar.

“Tem menino que vem para cá só para comer. Para alguns, a única alimentação disponível que eles têm é essa aqui. Por isso, faço comidas bem variadas. Eu fico com muita dó, porque tem aluno que come de repetir e eu sei que pode ser a única alimentação no dia”.

O prato realmente faz sucesso entre os estudantes do Dom Abel. Daniel de Oliveira Costa, de 13 anos, é aluno do 8° ano do Ensino Fundamental e afirma que a alimentação no colégio é muito boa e que gosta muito do Bobó de Linguiça: “o pessoal aqui faz de tudo para suprir as nossas necessidades”.

Para o diretor do Cepi Dom Abel SU, Wanderson Barbosa, a Merenda Escolar faz toda a diferença no contexto da Educação. Ele pontua que a criança bem alimentada, bem nutrida, aprende mais, ela é mais feliz e produz muito mais.

 O gestor também ressalta a importância dos incentivos da Seduc ao comentar que, nos últimos anos, é notório o desenvolvimento da merenda escolar na rede estadual de ensino de Goiás, tanto no repasse de verbas quanto na melhoria, na qualidade da merenda.

Sorridente e carismática, Suemi afirma estar orgulhosa de seu trabalho. “Bom demais! De onde que ia imaginar isso na minha vida, numa escola estadual, com uma iniciativa dessa? Então, é muito importante”.

Wanderson, com muito orgulho, complementa: “Eu me sinto muito feliz, em saber que a minha equipe foi selecionada para integrar esse livro. Acredito que as nossas merendeiras, não só do Cepi Dom Abel SU, mas de todo o estado, são mulheres e homens também, muito criativos e guerreiros, e vem aí a somar com a nossa Educação que, com certeza, é a melhor do estado, do país”.

Bolinho do Castello: uma receita de estudantes

Ilana, Isabela, Letícia e Sarah foram as quatro estudantes do Cepi Presidente Castello Branco que, juntas, elaboraram a receita do Bolinho do Castello, único prato idealizado por alunas do livro.

Segundo Isabela, de 17 anos, que atualmente está na 3ª série do Ensino Médio, o convite surgiu no ano passado, pelo seu professor de Química, que tinha avisado sobre o livro em sala e logo as quatro amigas toparam o desafio.

O bolinho, que tem como base batata e farinha de aveia, é recheado com bacon e mussarela, além de conter outros ingredientes. De acordo com Isabela, a ideia do prato veio de uma conversa logo após o convite.

“Eu e as meninas estávamos discutindo o que a gente podia fazer e uma de nós disse que podia ter batata na receita, porque tudo com batata ficava gostoso, e aí a gente começou a fazer algumas pesquisas pra ver o que a gente podia complementar que fosse viável para a escola e aí deu no que deu”.

Cozinhar, para Isabela é uma paixão, um hobby. Afirma que gosta de cozinhar, mas admite que não é boa. Contudo, tem se esforçado para melhorar e admite que já tive avanço.

Atualmente, apenas ela e Ilana continuam no Cepi Presidente Castello Branco, em Goiânia.