Estudo com participação da UEG identifica nova espécie de escorpião

A descrição da nova espécie foi realizada pelo Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos da UEG, ligado aos programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Recursos Naturais do Cerrado e em Ambiente e Sociedade (Foto: UEG)

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal Rural de Pernambuco e da Universidade Estadual de Goiás (UEG) possibilitou o encontro de nova espécie de pseudoescorpião vivendo em cavernas do nordeste brasileiro, durante incursões de campo para o estudo da diversidade biológica. A descrição da nova espécie foi realizada pelo Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos da UEG, coordenado pelo professor Everton Tizo Pedroso (ligado aos programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Recursos Naturais do Cerrado e em Ambiente e Sociedade).

O resultado da pesquisa foi publicado neste mês no periódico internacional Studies on Neotropical Fauna and Environmentda Inglaterra, sob o título “A new cave-dwelling Maxchernes Feio, 1960 (Pseudoscorpiones: Chernetidae) from Brazil” (Nova espécie de pseudoescorpião cavernícola do nordeste brasileiro) e pode ser acessado aqui.

Novo Escorpiao descoberto pela UEG

Pesquisa

O estudo, que integra um esforço interinstitucional em prol do conhecimento da diversidade de aracnídeos dos biomas brasileiros, integrará o acervo biológico do Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos da UEG, juntamente com espécies de pseudoescorpiões de diferentes biomas brasileiros.

De acordo com o professor Everton Tizo, os pseudoescorpiões coletados nessas incursões no nordeste do País pelos pesquisadores Eder Barbier e André Felipe de Araújo Lira foram enviados para identificação pelos pesquisadores do Laboratório de Ecologia Comportamental de Aracnídeos, da UEG, em Anápolis. As análises laboratoriais, conduzidas pelo estudante do doutorado em Recursos Naturais do Cerrado (Renac), Edwin Bedoya Roqueme, confirmaram a presença de uma espécie desconhecida pela ciência até aquele momento. Tratava-se de uma nova espécie pertencente ao gênero Maxchernes, que possuía três espécies conhecidas. “Maxchernes iporangae, uma das espécies desse grupo, por exemplo, é conhecida da Caverna Alambari de Baixo, Iporanga, São Paulo, e se encontra no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, sendo considerada criticamente em perigo”, destaca Everton Tizo.

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O pesquisador diz que as cavernas constituem ambientes com características muito específicas e que podem se tornar muito vulneráveis aos impactos ambientais. “Além disso, algumas espécies animais habitam exclusivamente esses ambientes em populações pequenas e podem se tornar mais vulneráveis à extinção”, salienta.

A espécie analisada no laboratório da UEG foi encontrada na caverna Meu Rei, localizada no Parque Nacional de Catimbau, no município de Tupanatinga, Pernambuco. Esta nova espécie de pseudoescorpião recebeu o nome de Maxchernes kapinawai. “O epíteto específico ‘kapinawai’ (um termo latinizado) foi dado em homenagem à tribo ‘Kapinawá’, descendente dos povos indígenas que habitavam a Vila de Macaco, referida desde o século XVIII e localizada nos municípios de Buíque, Tupanatinga e Ibimirim, em Pernambuco’, explica Everton.   

O pesquisador diz que as pessoas geralmente têm receio de aranhas e escorpiões, pois algumas espécies são conhecidas pela peçonha. “O que a maioria das pessoas não sabe é que existem 11 diferentes ordens de aracnídeos. Uma dessas ordens, a dos falsos escorpiões, abrange pequenos aracnídeos que se assemelham a escorpiões com 2 a 6 milímetros de tamanho corporal. Esses pequenos animais, que não oferecem riscos às pessoas, são encontrados no solo dos ambientes naturais, em troncos de árvores, ou mesmo vivendo em meio às paredes de cavernas”, explica.

Everton diz ainda que estima-se que o Brasil pode conter a maior diversidade mundial de pseudoescorpiões. Hoje, são conhecidas 170 espécies no país. “Contudo, o número de estudos sistematizados no Brasil ainda é relativamente pequeno e se conhece pouco sobre a fauna de pseudoescorpiões para a maioria dos biomas’, reforça.