“Expedição Araguaia” ganha destaque internacional

O documentário Expedição Araguaia, dirigido pela professora Thais Oliveira, docente do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em parceria com a coordenadora do Programa Araguaia Vivo 2030, Mariana Telles (UFG e PUC-GO), foi selecionado para cinco festivais, incluindo mostras internacionais, e é finalista do Troféu Seriema 2025.
A primeira seleção ocorreu no Science Film Festival 2025, evento internacional de comunicação científica que será realizado de 1º de outubro a 20 de dezembro, em cerca de 20 países.
Promovido pelo Goethe-Institut, em colaboração com organizações locais, escolas e instituições culturais, o festival busca aproximar a Ciência do público de forma acessível e educativa, por meio de documentários, animações, filmes independentes e outras produções audiovisuais.
Parceiro oficial da “Década das Nações Unidas para a Restauração do Ecossistema”, em 2025 o festival terá como tema “Empregos verdes”, destacando iniciativas e profissionais essenciais para a sustentabilidade, a proteção ambiental e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Além dessa seleção, o documentário integrou o Festival Latino-americano de la Cultura Científica, realizado de 09 a 13 de setembro, durante o XIX Congresso RedPop 2025, em Puebla, México.
O evento bienal de comunicação científica promove o intercâmbio de experiências em divulgação nessa área e oferece espaço para reflexão, desenvolvimento profissional e participação do público.
O filme também foi escolhido para compor a programação do 4º Festival Internacional de Cinema Independente (Festicini), em Mogi das Cruzes (SP), que teve início no último dia 17 e segue até 28 de setembro. O evento reúne produções nacionais e internacionais e valoriza o cinema autoral. Nessa mostra, o documentário concorre na categoria “Melhor Filme Ambiental”.

Cinema socioambiental
O documentário integra ainda a programação do V Planeta.doc – Festival Internacional de Cinema Socioambiental, que será realizado de 22 de setembro a 31 de dezembro, em Florianópolis (SC). O festival promove o diálogo entre Ciência, Arte e Sociedade, estimulando novas perspectivas sobre sustentabilidade e conservação ambiental.
Já em outra participação internacional, o filme foi selecionado para o V International Riom Scientific Short Film Festival, que ocorrerá de 20 a 22 de novembro de 2025, em Riom, na França.
A professora Thais Oliveira ressalta que a presença no festival amplia o alcance global do projeto e sua contribuição para a difusão do conhecimento científico e ambiental junto a diferentes públicos. Neste festival, o documentário concorre ao Prêmio do Júri, ao Prêmio do Público e ao Prêmio do Jovem Público.
A produção também é finalista da 23ª edição do Troféu Seriema, na categoria Imprensa. Promovida pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), a premiação reconhece obras que valorizam a biodiversidade e a cultura do Cerrado.
A indicação reforça o papel da UEG na preservação e difusão do patrimônio natural e cultural da região. A cerimônia de premiação será realizada em 27 de novembro, em Goiânia.
“A visibilidade do filme destaca a importância de transformar Ciência em audiovisual, possibilitando que pesquisas realizadas no Centro-Oeste brasileiro alcancem um público mais amplo”, afirma Thais Oliveira.
Ela observa ainda que, em menos de dois meses, o documentário já ultrapassou 24 mil visualizações no YouTube.
Thais explica que essa abordagem permite que o conhecimento científico seja comunicado de forma acessível e envolvente, ampliando a visibilidade do filme e beneficiando todos os envolvidos – pesquisadores, comunidades locais e o público em geral.
“É fundamental que o Cerrado seja conhecido e valorizado por outros estados do Brasil e no exterior. Além disso, a produção evidencia o trabalho de ponta desenvolvido por diversos pesquisadores por meio do Programa Araguaia Vivo, que, em parceria com as comunidades locais, tem contribuído para novas descobertas sobre a região do Araguaia”, enfatiza a professora.
Coordenadora do Araguaia Vivo e codiretora do documentário, a professora Mariana Telles destaca que a inserção da linguagem audiovisual, ainda nova para a maior parte dos pesquisadores, representou um aprendizado importante para a equipe, ao evidenciar na prática a necessidade de diversificar formas de comunicação para que os resultados cheguem de fato em outras camadas da sociedade.
Segundo ela, essa mesma linguagem (audiovisual), é importante para que alcance a própria comunidade que está sendo impactada com as pesquisas realizadas na região, intensificando a importância da comunidade ribeirinha na conservação e uso sustentável.
Além disso, segundo ela, o filme “possibilitou mostrar a importância ambiental e a beleza cênica desse patrimônio nacional e de sua comunidade para o mundo”.
Expedição Araguaia
Lançado durante a 26ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), em junho, o documentário tem 19 minutos e 25 segundos de duração e foi filmado em fevereiro de 2025, durante a maior expedição científica já realizada no rio Araguaia.
A bordo de um barco-hotel, pesquisadores percorreram mais de 150 lagos ao longo de 3,5 mil quilômetros, em uma jornada de 25 dias pela região do Médio Araguaia. No percurso, foram coletados dados essenciais sobre biodiversidade, identificados impactos socioambientais e promovido o diálogo entre a Ciência, poder público e comunidades locais.
A equipe da expedição reuniu cerca de 30 pesquisadores de diversas áreas do conhecimento e instituições, incluindo docentes, bolsistas, estudantes de graduação e pós-graduação.
Entre as atividades desenvolvidas, estiveram coletas de água, plantas, peixes e microrganismos, além de análises preliminares de campo, com foco no mapeamento de padrões ecológicos e nas possíveis mudanças ao longo do rio.
Os dados obtidos vão subsidiar novas pesquisas, dossiês científicos e orientar políticas de conservação na região.
Participação da UEG
Além de dirigir o documentário, a professora Thais Oliveira assina o roteiro ao lado das docentes da UEG Andreia Juliana Rodrigues Caldeira, Josana de Castro Peixoto e Juliana Simião.
A produção reúne ainda entrevistas com outros professores da instituição, como Fabrício Barreto Teresa e João Carlos Nabout, responsáveis, respectivamente, pelas atividades de “Turismo e Pesca” e “Biodiversidade Aquática” do Programa Araguaia Vivo 2030.
A íntegra do documentário está disponível no canal do Araguaia Vivo no YouTube. Para assistir, clique na imagem abaixo.
Araguaia Vivo
Lançado em 2023, o Programa Araguaia Vivo 2030 reúne mais de 200 pesquisadores de 23 instituições, especialmente em Goiás. Estruturado em 11 atividades interligadas, busca restaurar ecossistemas aquáticos, recuperar matas ciliares e engajar comunidades em ações de conservação, educação socioambiental e geração de renda.
Além de “Biodiversidade Aquática” e “Turismo e Pesca”, a UEG lidera o subprojeto “Mobilização, Sensibilização e Capacitação de Atores Locais”, sob coordenação da profa. Andreia Juliana Caldeira.
O programa é gerido pela Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA) e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Seu primeiro ciclo de execução se estende até julho de 2026.
A expedição retratada no documentário teve início em Luiz Alves (GO) e seguiu rumo ao Norte, passando por áreas estratégicas como a Ilha do Bananal, o rio Cristalino e o rio das Mortes.
O grupo percorreu municípios como São Félix do Araguaia, Luciara e Santa Terezinha (MT), Caseara (TO) e Barreira do Campo (PA). Na etapa final, retornou ao ponto de partida para realizar pesquisas na porção Sul do Araguaia, envolvendo as cidades de Cocalinho (MT) e Aruanã (GO), com amostragens adicionais no rio Vermelho.