Quilombolas ensinam penteados com lenços a pacientes oncológicas

Representantes quilombolas fazem penteado de lenço em paciente oncológica da unidade do Governo de Goiás (Foto: Victor Weber/Imed)

Com a proposta de auxiliar pacientes no enfrentamento do diagnóstico oncológico, o Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), unidade do Governo de Goiás em Uruaçu, realizou, no dia 14 de julho, a primeira Oficina de Penteados com Lenços, ministrada pelas mulheres quilombolas da Comunidade João Borges Vieira, do município. 

A ação, que contou com a parceira do Instituto Federal de Goiás (IFG) em Uruaçu, foi organizada pelo gerente de oncologia do hospital, Marcelo Ramos, e a diretora da instituição de ensino, Andreia Alves Prado.

O evento contou com a presença das representantes quilombolas Maria Santina Barbosa da Silva e Edivânia Rodrigues, que ensinaram as pacientes em tratamento e aos profissionais de saúde da unidade diferentes técnicas para a criação de penteados feitos com lenços.

Segundo Marcelo, a oficina foi pensada no contexto de dignidade e valorização do ser humano, levando em conta os cuidados com a paciente, não somente no aspecto técnico, mas também na humanização do tratamento.

“Pensando na paciente, que muitas vezes perde seu cabelo durante a quimioterapia e tem sua autoestima abalada, tivemos a ideia de fazer uma oficina de lenços para ajudá-la a encontrar alternativas que possam amenizar os impactos psicológicos que o tratamento oncológico pode trazer”, ressalta ele.

Tratamento humanizado

Quando o adoecimento oncológico surge são despertados diversos tipos de sentimentos. O câncer, de modo geral, acarreta muitas alterações na vida da paciente. São mudanças que podem ser relacionadas a papéis sociais, à percepção em relação a si mesmo, alterações por dificuldades de ordem funcional, efeitos colaterais do tratamento, entre outros fatores, que constituem um quadro de estresse e ansiedade.

Neste contexto, o enfrentamento da doença implica construção de táticas eficazes para auxiliar a paciente, além da identificação das necessidades, limitações e recursos pessoais. Pensando nessas necessidades, a oficina foi concebida para trazer mais humanização ao tratamento oncológico e mostrar que, independentemente do contexto da doença, existe um ser humano por trás de toda paciente.
 
“Em Uruaçu, somos privilegiados em ter uma comunidade quilombola para podermos trabalhar também com questões culturais. Assim que entramos em contato com nossos parceiros do Instituto Federal, eles toparam vir ao hospital e proporcionar esta oficina tão importante. Nós, do centro de oncologia, estamos gratos e esperamos que esta seja a primeira de muitas outras oficinas”, completa o gerente de oncologia do HCN, gerido pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed).

Ação afetuosa e antirracista

 Em nome do IFG, Andreia Prado ressaltou o quão gratificante foi poder participar de uma ação como essa, que busca trazer alento a pacientes oncológicas do hospital.

“Essa parceria entre o HCN, o IFG de Uruaçu e a comunidade quilombola João Borges Vieira, além de promover uma atividade que motiva mulheres em tratamento a se cuidarem, com formas diferentes de usar o lenço, também se trata de uma ação antirracista para a comunidade, rompendo os preconceitos que se tem com o uso dos turbantes no dia a dia.”

Para Maria Santina, ministrar a oficina foi um momento importante para todos. “Eu tenho a honra de dizer que sou quilombola e rezadeira de Uruaçu. Nós trabalhamos sempre com turbante, e temos vários tipos de penteados, porque para nós o turbante é a nossa coroa”, explica ela. 

Para mais informações sobre o Centro de Oncologia do HCN, basta entrar em contato pelo número (62) 3121-5418 ou acompanhar o grupo de saúde de Uruaçu por meio deste link.

Texto: Victor Weber/Imed