Período chuvoso é fundamental para recuperação da Barragem do Ribeirão João Leite

Apesar do cenário satisfatório, o supervisor de Hidrologia da Saneago, Paulo Almeida, frisa  que a cautela no consumo de água é imprescindível

Além de contribuir para a estabilidade do Sistema Mauro Borges/João Leite, ao qual pertence, a Barragem do Ribeirão João Leite também tem a função de complementar a vazão do Sistema Meia Ponte durante a estiagem. Por esse motivo, o período chuvoso é fundamental para a sua recuperação, de modo que ela seja recarregada o suficiente para poder garantir o abastecimento não só da nossa Capital, mas de parte da Região Metropolitana.

No mês de janeiro, chuvas regulares e de boa qualidade foram registradas na área do Reservatório. Isso resultou em uma considerável recarga hídrica, elevando o nível de 746,77 metros (78% da capacidade total) para 748,50 m (92%) – uma recuperação de 1,73 m, ou seja, 14% do volume acumulado de água na Barragem (que tem capacidade de armazenamento de 135 milhões de metros cúbicos e área máxima de inundação de 1.090 quilômetros quadrados). 

Apesar do cenário satisfatório, o supervisor de Hidrologia da Saneago, Paulo Almeida, frisa  que a cautela no consumo de água é imprescindível. “Estamos na metade do período chuvoso e precisamos contar com uma continuidade na regularidade e qualidade das chuvas para que, ao findar deste período, estejamos com a Barragem do Ribeirão João Leite vertendo e com o solo da bacia, que é o nosso reservatório natural, recarregado. Só então poderemos dizer que 2022 será um ano tranquilo”, alerta.

O gestor explica que ainda não há volume suficiente para o vertimento (transbordamento: quando a água acumulada chega ao nível do vertedor e forma a cascata) da Represa. Em 2021, por exemplo, o nível rompeu a barreira dos 749 m – que é a cota de vertimento – no dia 16 de fevereiro, e parou de verter em 29 de maio, totalizando 102 dias. Foi quando passamos pela maior seca dos últimos 100 anos. Segundo Paulo Almeida, inclusive, o índice de precipitação para as bacias do Rio Meia Ponte e do Ribeirão João Leite tem apresentado deficit ao longo dos últimos anos, já contabilizando quase um ano sem chuva. Isso prejudica a recuperação do aquífero, reduzindo gradativamente a disponibilidade de água.

E a previsão é que a estiagem de 2022 também seja muito severa. Em face disso, é muito importante que a mudança de hábitos para o consumo consciente de água seja naturalizada por todos, não somente durante a seca propriamente dita, mas sobretudo ao longo das chuvas, que é o momento que temos para nos preparar. “O pedido à população é que façam uso da água com responsabilidade e prudência. Devemos reservar o máximo possível agora para que, no período de estiagem, tenhamos água no reservatório para atender as demandas de cada cidadão. A palavra de ordem é poupar pra não faltar!”, orienta o supervisor de Hidrologia da Saneago.